No dia 29 de setembro, quando é celebrado o Dia Internacional de Conscientização sobre Perdas e Desperdício de Alimentos, o Pacto Contra a Fome deu início a uma campanha nacional que une tecnologia, criatividade e mobilização social para enfrentar um dos maiores paradoxos do país: o excesso de comida descartada em meio à fome crescente.
Entre as principais inovações estão a TIA Contra a Fome, inteligência artificial disponível no WhatsApp, e o Desperdiçômetro. Criada em parceria com a agência Africa Creative, a TIA funciona como uma assistente virtual que oferece dicas práticas para evitar desperdícios no dia a dia e ainda sugere receitas criativas a partir dos ingredientes já disponíveis em casa. A ideia é mostrar como a tecnologia pode ser aliada na construção de hábitos mais sustentáveis.
Já o Desperdiçômetro é uma ferramenta de impacto visual. Ele apresenta, em tempo real, o volume de alimentos desperdiçados durante atividades cotidianas, e foi instalado em locais de grande circulação nas principais capitais do país. Com isso, a população consegue ter uma noção concreta da dimensão do problema e refletir sobre seu papel no consumo consciente.
A campanha conta ainda com a participação da ginasta Rebeca Andrade, que empresta sua imagem em materiais de divulgação, reforçando a importância da mobilização coletiva. Além disso, foram realizadas ativações especiais no Minhocão, em São Paulo, e na Biblioteca Nacional, em Brasília, com projeções em prédios chamando atenção para o tema.
Segundo levantamento do Pacto Contra a Fome, em parceria com a consultoria Integration, o Brasil perde ou desperdiça 55 milhões de toneladas de alimentos por ano, ao mesmo tempo em que 64,5 milhões de pessoas vivem em situação de insegurança alimentar. Estimativa do PNUMA aponta que cada brasileiro joga fora, em média, 77 quilos de comida por ano, o que gera um custo anual de aproximadamente R$1.600 por família de três pessoas — valor superior ao salário mínimo.
Além do impacto social, o desperdício também contribui para a crise ambiental, já que a decomposição de resíduos orgânicos aumenta a emissão de gases de efeito estufa e pressiona recursos naturais como água e solo. Globalmente, segundo a FAO, o custo do desperdício de alimentos ultrapassa US$ 1 trilhão por ano.
Para Juliana Plaster, co-diretora executiva do Pacto Contra a Fome, é preciso agir em diferentes frentes: “Quando consumidores entendem a dimensão do problema, passam a exercer pressão sobre empresas e governos para mudanças estruturais. É essa combinação de escolhas individuais e força coletiva que pode acelerar a transformação necessária”, afirma.
O Pacto Contra a Fome é uma coalizão suprapartidária e multissetorial que atua para erradicar a fome, promover alimentação adequada e reduzir desperdícios de forma estrutural e permanente. A meta é ousada: eliminar a fome até 2030 e garantir que todos os brasileiros estejam alimentados adequadamente até 2040.
Com a nova campanha, a organização reforça que cada ação conta — do preparo consciente das refeições em casa à mobilização de empresas e governos. A mensagem é clara: combater o desperdício é uma responsabilidade de todos e pode transformar o futuro da alimentação no Brasil.
Leia também: Festival do Rango chega à 3ª edição com entrada gratuita na Mooca


