“O Agente Secreto” é o quebra-cabeça hitchcockiano e surral de Kleber Mendonça Filho

No dia 6 de novembro, chega ao Brasil o novo filme de Kleber Mendonça Filho, protagonizado por Wagner Moura, Maria Fernanda Cândido, Gabriel Leone e a carismática Tânia Maria. O longa estreou na 78ª edição do Festival de Cannes – uma das mais tradicionais mostras de cinema – e foi condecorado na mostra com os prêmios de Melhor Ator para Moura e Melhor Direção para Mendonça Filho.

Assim, o público brasileiro já começa a se empolgar com a possibilidade de ver mais um filme nacional cruzar fronteiras e alcançar os grandes prêmios de Hollywood — como aconteceu com “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, vencedor do Oscar de Melhor Filme Internacional neste ano, com Fernanda Torres indicada na categoria de Melhor Atriz.

Independentemente de chegar lá ou não, “O Agente Secreto” reafirma a força do cinema brasileiro em contar boas histórias. Mais do que isso, o longa é um retrato intenso e autêntico de Recife — capital pernambucana — e, principalmente, de seu povo.

“Nenhum país se desenvolve sem se olhar, sem se ver. Quando a gente vai para fora com esse filme e as pessoas veem o Brasil, é um plus, é um negócio a mais, é um bônus. Porque as pessoas lá fora também estão vendo. (…) E a história do cinema brasileiro… O cinema brasileiro tem uma história quase documentarista. É um cinema que nasce… que tenta entender que país é esse”, disse Wagner Moura em uma coletiva de imprensa realizada em São Paulo no mês de outubro.

A trama se passa em 1977, que, nos créditos iniciais, é descrito como um “ano cheio de pirraça”. A produção brasileira é um thriller hitchcockiano que acompanha ‘Marcelo’, interpretado por Moura, voltando à sua cidade natal. Seu retorno, no entanto, não é pacífico, ao passo que ‘Marcelo’ percebe estar sendo vigiado e perseguido. Desse modo, o longa mostra uma diferente face da ditadura militar: a da clandestinidade e da corrupção.

A narrativa se constrói como um quebra-cabeça não linear, juntando as peçinhas de uma tapeçaria rica e que funde os mais diferentes gêneros cinematográficos, de modo quase surrealista. Apesar de ambientado em um contexto histórico, o filme não hesita em dialogar com o absurdo.

“O Agente Secreto” é, sobretudo, uma obra sobre memória, nos mais diferentes âmbitos, do cultural ao familiar, da trilha sonora à cinematografia – gravada em Panavision e assinada por Evgenia Alexandrova – e com o toque cinéfilo de Mendonça Filho, que se infiltra em diversos âmbitos do filme, com referências diretas a Steven Spielberg e estilísticas a Brian De Palma, por exemplo.

Assista ao trailer de “O Agente Secreto”

Brasil, 1977. Fugindo de um passado misterioso, Marcelo, um especialista em tecnologia na casa dos quarenta, volta ao Recife em busca de um pouco de paz, mas percebe que a cidade está longe de ser o refúgio que procura.

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