Por Claudio Dirani
Se existe algo que o artista da era digital não pode dar como desculpa é a falta de notificações. Quem sonha fazer diferença, deve deixar a zona de conforto sem olhar para trás. Dito isso, Nina Fernandes poderia muito bem ter repetido a receita de Cruel e Estrada, singles de raro artesanato. Porém, com as 6 faixas de Digitando – o segundo EP, em menos de dois anos – a jovem compositora disse não à própria fórmula. Ela explica isso melhor na letra da delicada Ninar (seria um trocadilho com seu nome?):
"Eu sei que sim, não canto por ninguém. Canto pra mim".
A verdade é que a vontade de criar usando estilos bem distintos e despreocupados com as tendências é algo que Nina não tentou esconder.
Dando um Tempo na Casa de Alice
Casa é poética, e utiliza efeitos eletrônicos como cenário. em um arranjo que recorda U2. O jogo de palavras permanece em Beijo, mas com um chão mais acústico. Tempo é uma das favoritas deste autor, que (penso eu) remete ao DNA de Cruel, com o lindo verso:
Passam vindas/ Coisas lindas/ dos poemas de Drummond…
Em seguida, o dueto com violões da dupla OutroEu em Arroz Com Feijão garante o momento trilha de novela/hit de Ed Sheeran. Já Alice é o divisor de águas de Digitando. Com temperos nordestinos, a letra canta sobre uma heroína da TV e remete à Desgruda, outra criação do EP de estreia de Nina.
Ao perceber que a artista decidiu mesmo deixar aquela região segura no decorrer dessa jornada, termino por hora o que estou digitando sobre Nina Fernandes.
alphafm