Na célebre entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, em 1993, o maestro Tom Jobim (1927-1994) elogiou Chico Buarque por trabalhar tão bem com “essa língua que é o português”.
Além do talento extraordinário, o cantor e compositor, que completará 80 anos na próxima quarta-feira (19), tinha a ajuda de um dicionário herdado do pai. Porém, não era um simples dicionário com o par termo-significado.
Antes de morrer, o historiador e sociólogo Sérgio Buarque de Hollanda (1902-1982) deu ao filho um exemplar do “Dicionário Analógico da Língua Portuguesa – ideias afins/thesaurus”.
“Isso pode te servir, foi mais ou menos o que ele então me disse, no seu falar meio grunhido. Era como se ele, cansado, me passasse um bastão que de alguma forma eu deveria levar adiante”, contou Chico Buarque em um texto para a 3ª edição do livro.
“Com esse livro escrevi novas canções e romances, decifrei enigmas, fechei muitas palavras cruzadas”, completou o músico.
A obra é de autoria do xará Francisco Ferreira dos Santos Azevedo (1874-1942), um dos fundadores da Academia Goiana de Letras. O autor se dedicou mais de 20 anos ao dicionário, mas não teve a oportunidade de vê-lo publicado em vida.
Francisco Ferreira foi filólogo, matemático, historiador, geógrafo e criou um dicionário a “ser utilizado quando se quer expressar uma ideia e não se encontra a expressão”, conforme a edição atual da Lexikon.
“Propõe expressões de significados que estão em áreas próximas, análogas”, ou seja, extrapola os meros sinônimos das palavras pesquisadas. O Aulete é um similar disponível online.
Em 2007, especialistas consultados pela revista Rolling Stone Brasil elegeram “Construção” (1971), de Chico Buarque, a melhor música brasileira em todos os tempos.
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