O Teatro Estúdio completou 10 dias de abertura no Centro de São Paulo com sucesso de público na primeira peça “Álbum de Família”. Na contramão da maioria dos empreendimentos, o novo espaço cultural emerge numa região debilitada da cidade por causa da violência e sensação de insegurança.
O teatro fica na Rua Conselheiro Nébias, 891, a pouco mais de um 1 km da região conhecida como Cracolândia, na Rua dos Protestantes. A reportagem da Alpha FM acompanhou o espetáculo, na noite deste domingo (14), e não enfrentou problemas no caminho entre o Estúdio e a estação Santa Cecília do Metrô. O trajeto é de 600 metros – ou uma caminhada de menos de 10 minutos – no sentido oposto ao da concentração de usuários de drogas.
Além disso, desde a nossa chegada, o clima era dos melhores. Os espectadores ocupavam a calçada e a parte interna, aguardando o sinal para se acomodarem nas cadeiras. O local conta com estacionamento, banheiros e bistrô para quem quiser, por exemplo, tomar um café, comer um pedaço de bolo e até apreciar um vinho na taça.
O projeto saiu do papel graças ao ator e empresário Alexandre Galindo e outros artistas que custearam a reforma do local, antes um galpão abandonado. A capacidade é para até 220 pessoas, mas esta primeira montagem recebe cerca de 140, posto que a opção foi por um palco central total. É o estilo do Sesc Pompeia, numa versão reduzida, com plateia dividida em duas e frente a frente para se notar a reação do outro.
A peça
“Álbum de Família” (1946) é a terceira peça escrita por Nelson Rodrigues (1912-1980), o maior dramaturgo brasileiro. Censurado pelo governo Dutra (1946-1951), o texto foi encenado pela primeira vez apenas em 1967. A versão apresentada pelo grupo do Teatro Estúdio é sob a ótica do diretor Jorge Farjalla.
O tema principal são as práticas incestuosas numa família religiosa e tradicional do interior de Minas Gerais. O pai abusa sexualmente da filha menor de idade, enquanto a mãe tem desejo pelos filhos, e eles por ela. Detalhe: pai e mãe são primos que se casaram.
Fazem parte do elenco Agmar Beirigo, Alexandre Galindo, Daniel Marano, Fernanda Gidali, Helena Cury, Iuri Saraiva, Jullia Leite, Lakís Farias, Lara Paulauskas, Lídia Engelberg, Mariana Barioni e Roberto Borenstein.
A peça tem 1h30 de duração e ficará em cartaz até 18 de agosto. Os ingressos custam R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia). A meia-entrada vale, inclusive, para moradores dos Campos Elíseos, Santa Cecília, Centro e Barra Funda, mediante apresentação de comprovante de residência.
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