Australian Connection Festival celebra rock australiano em São Paulo

Hoodoo Gurus, GANGgajang e RSpys compuseram o lineup do evento, realizado neste sábado (31)

Com o objetivo de celebrar o surf rock australiano, o Australian Connection Festival desembarcou na capital paulista neste sábado (31). Para uma Vibra São Paulo empolgada, Hoodoo Gurus, GANGGajang e RPSY proporcionaram uma verdadeira viagem às décadas de 1980 e 1990, além de demonstrarem muito carisma e domínio do português, criando uma conexão genuína com os fãs do país.

Logo na entrada, uma banda ao vivo empolgava o público com clássicos da música, ajudando a galera a se aquecer em meio ao frio. Já no hall do acesso geral, inúmeras referências ao surfe estavam expostas. Isso incluiu pranchas, imagens e quadros da marca Lighting Bolt, o que ajudou a compor o clima. Por fim, canções do Devo, INXS, Depeche Mode, Blondie, The Police e mais integraram a playlist ambiente enquanto as performances não começavam.

RSpys

O Spy vs Spy encerrou suas atividades em 2003. Porém, Craig Bloxom, baixista da banda e também chef de cozinha, resolveu criar uma espécie de “tributo” ao antigo grupo no ano passado. Após duas décadas, fundou o Reggae Spys.

Como o nome diz, as faixas clássicas ganharam uma nova roupagem voltada ao reggae, sem perder sua essência. “O Reggae Spys é coração e alma do Spy vs Spy e todos vão ver quando subirmos no palco. É exatamente a mesma coisa e totalmente diferente”, explicou o músico em vídeo nas redes sociais. E, de fato, ele estava certo.

“Embora não tenha feito shows nos últimos anos, continuei estudando uma técnica nova de baixo. Aprendi a tocar dedilhando as cordas e não só com a palheta, como antes”, contou em entrevista ao O Globo.

“É nós”

Junto de TK Tarawa (guitarra) e Young Chrissy Lowe (bateria), o cantor subiu ao palco – que ostentava uma bandeira do Brasil – pontualmente às 22h, pronunciando um sonoro “alô galera de São Paulo”. Expressivo e sorridente, ainda arriscou frases em português como “beleza”, “é nós” e “obrigado”.

Também pontuou que “Austrália e Brasil são iguais” e fez questão de elogiar a culinária local, a descrevendo como “diferente”, por englobar costumes de países diversos. Ainda pediu desculpas quando, sem querer, acabou soltando um portunhol.

Em suma, a performance contou com luzes em tons quentes, muitos solos de guitarra e interações divertidas entre o vocalista e os demais membros – oriundos da Nova Zelândia e Cessnok, na Austrália, e que, para além dos instrumentos, também contribuíram com backing vocals.

“Clarity of Mind”, não só por ser o maior sucesso do grupo original, chamou atenção dos presentes. Ao cantá-la, Craig a dedicou para Mike Weiley, saudoso guitarrista do Spy vs Spy e seu grande amigo, e pediu para que os fãs gritassem o seu nome ao longo da faixa.

GANGgajang

Uma versão falada de “A Hard Day’s Night” clássico dos Beatles, ecoou nas caixas de som antes que o GANGgajang entrasse. Com a energia lá em cima, Mark ‘Cal’ Callaghan (guitarra e voz), Graham “Buzz” Bidstrup (bateria), Geoffrey Stapleton (teclado), Robbie James (guitarra) e Peter Willersdorf (baixo) iniciaram o set com “Distraction”.

O grupo, em sua primeira passagem por aqui desde 2001, trouxe uma atmosfera mais “praiana”, fazendo com que o público, majoritariamente mais velho, dançasse de maneira descontraída – o que ficou claro em “The Bigger They Are”. Sem dúvida, a presença marcante do teclado ao longo do repertório conduziu uma “vibe”.

Vestindo um conjunto social de blazer e calça, aparentando uma certa finesse, Mark também comunicou-se em português. Mandou tchauzinhos, emendou passos de dança em “Giver of Life” e por mais de uma vez elogiou a beleza das mulheres paulistanas.

Não é à toa que “Carioca Girl” recebeu um novo título justamente para a ocasião: “Paulista Girl”. Além da canção, que ganhou uma percussão extra remetendo às escolas de samba, “Gimme Some Lovin'” atuou como um dos momentos mais legais da noite, com todo mundo cantando junto, assim como “Maybe I”, que, com seu groove, não deixou ninguém parado.

Não dá para não mencionar “Sounds Then (This is Australia)”, que, ao final, até recebeu um complemento de “This is Brasil” na letra, e “Shadow of Your Love”, com direito ao vocalista cantando no meio da plateia.

Hoodoo Gurus

O Hoodoo Gurus tornou-se uma das bandas mais conhecidas da Austrália. Inclusive, entrou para o tradicional Aria Hall of Fame em 2007.

“Por duas décadas e meia, o Hoodoo Gurus tem sido consistentemente uma das bandas de rock’n’roll mais inventivas, liricamente inteligentes e emocionantes que a Austrália já produziu… ao longo do caminho, eles influenciaram uma geração inteira de bandas, o que explica por que nomes como You Am I, The Living End, Dallas Crane, Grinspoon e muitos outros fizeram fila há alguns anos para prestar homenagem ao álbum de estreia da banda, ‘Stoneage Romeos'”, destacou a instituição à época.

Ao vê-los ao vivo, é compreensível o motivo pelo qual protagonizaram a noite no Australian Connection Festival. A banda, que é fã de farofa e churrasco e havia vindo ao país pela última vez em 2023, mistura diferentes elementos em seu som. Somados à uma performance imponente, a apresentação preencheu cada canto da Vibra.

Os destaques

Dave Faulkner (voz e guitarra), Brad Shepherd (guitarra), Richard Grossman (baixo) e Nik Reith (bateria) eram tratados o tempo inteiro com assovios por parte do público. Assim, a atitude acabou até elogiada pelo vocalista.

Logo em “The Right Time”, uma das primeiras faixas do setlist iniciado às 00h30, Dave já estava tirando o casaco colorido, permanecendo apenas com uma camiseta de seda branca, enquanto Nik secava o rosto com uma toalha atrás das baquetas. A animação e entrega não faltaram em nenhuma música.

Assim como os colegas, o líder, em português, dedicou “Night Must Fall” para pessoas queridas que não estão mais entre a gente. Pouco mais tarde, ao entoar “Death Defying”, brincou que era “outra música sobre a morte, embora seja mais sobre luto e sobrevivência”.

O próprio também destacou que compôs “My Girl” com 22 anos e que “Leilani” saiu como primeiro single da banda em 1982. Justamente a canção de estreia arrancou algumas das reações mais empolgadas do festival, com suas guitarras distorcidas e interação direta com a plateia.

Sob comando do líder para que “entrassem para a tribo”, as pessoas acompanharam a música com gritos de “hey” e “oh”. “Chariot of the Gods” também brilhou, com um dos instrumentais mais encorpados e um dos desempenhos vocais mais impressionantes.

“Equinox”, sobre sorte e com Brad soltando a voz, e “Miss Freelove ’69”, com uma bateria sobressalente, figuraram entre outros dos pontos altos. Claro, não dá para esquecer de “Another World, popular nas rádios brasileiras, e “What’s My Scene”. Sobretudo, a faixa contou com uma dinâmica diferenciada, ao tê-la seu ritmo desacelerado em certo instante apenas para que a plateia ficasse ainda mais eufórica.

 

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