Conclave: Ralph Fiennes embarca em uma jornada de ambição e devoção

Na segunda-feira (13), a Alpha FM teve o privilégio de assistir, com exclusividade, ao mais novo longa de Edward Berger, “Conclave”. O projeto vem, desde sua estreia no 51º Festival de Cinema de Telluride, chamando a atenção da crítica especializada, tornando-se, desde então, um dos principais destaques na temporada de premiações e, subsequentemente, tecendo seu favoritismo na disputa pelo Oscar – a maior honraria da indústria cinematográfica. 

Em suma, a película pode ser considerada como uma “ficção histórica” e adentra o conclave seguido da morte do papa vigente. O filme mergulha nas complexidades enfrentadas pela Igreja Católica na atualidade que vão além dos aspectos espirituais. Assim, a trama transforma o Vaticano em um campo de batalha político e ideológico invadido por escândalos, corrupção e, primordialmente, ambição. 

Elenco e a imponência enigmática de Ralph Fiennes

Encabeçando o elenco estrelado está Ralph Fiennes como o protagonista Decano Cardeal Lawrence — o responsável pela realização da cerimônia de escolha papal. O ator monopoliza cada segundo em tela de forma magistral, conduzindo sua performance, majoritariamente, de forma sutil, onde, por vezes, seu olhar transmite nuances importantes para a narrativa complexa que o cerca. Analogamente, o intérprete explora a guerra internalizada da distância entre seu personagem e sua fé, e, ao mesmo tempo, mergulha na busca por respostas morais para seus dilemas, tudo isso de forma tênue e humana. 

Fiennes, no entanto, também cria espaço para momentos de descarga emocional, onde, mesmo procurando a razão, ele se perde na fraqueza do ser humano, enfatizando, dessa forma, o significado por trás da produção.

Em “Conclave”, o ator se torna, decerto, um dos destaques do ano e se consolida como peça importante na categoria de Melhor Ator no Oscar, onde, inquestionavelmente, merece ser um dos favoritos. 

Ao seu lado estão Stanley Tucci e Isabella Rossellini, no entanto, dentre os coadjuvantes, quem mais brilha são John Lithgow e Sergio Castellitto, que oferecem uma perspectiva maquiavélica sobre a ambição pelo poder e sua consequente ambiguidade ética.

Trilha sonora e sua interposição com o roteiro

Sobretudo, o longa-metragem é uma adaptação do romance homônimo assinado por Robert Harris, lançado em 2016. O autor teve acesso direto do Vaticano para sua pesquisa e realizou uma consultoria com o Cardeal Cormac Murphy-O’Connor. Assim, a representação proposta por Harris é palpável e, mais importantemente, fidedigna à realidade. 

A responsabilidade pela tradução do filme para as telonas ficou com o inglês Peter Straughan, que seguiu à risca em relação ao material fonte de Harris. 

Na última edição do Globo de Ouro, que aconteceu dia 9 de janeiro, o roteirista foi condecorado por desempenho no filme de Edward Berger, vencendo a categoria de Melhor Roteiro, e em seu discurso, dedicou o prêmio ao autor da obra original. 

Analogamente, conversando de forma primorosa com o trabalho de Straughan, está a trilha sonora de Volker Bertelmann, compositor alemão também conhecido como Hauschka. 

A película utiliza a música com toda sua potência, interpolando significativamente a magnitude emocional da obra audiovisual. Desse modo, Hauschka não trabalha de forma amena e tênue, pelo contrário, o músico opta pela grandiosidade e melancolia, fazendo com que a música, por si só, se torne um personagem do filme. 

Fotografia e cinematografia 

Ainda mais, um dos destaques do filme fica com a cinematografia de Stéphane Fontaine.

O uso da câmera, por vezes, nos aproxima do íntimo da narrativa, enquanto, analogamente, demonstra a grandiosidade cultural e histórica de um conclave em toda sua relevância.

Isto é, o jogo de proximidade e distância proposto em cena nos leva a analisar os personagens de perto, onde suas feições se tornam vitais para a construção da trama. Ao mesmo tempo, o esplendor de alguns cenários, minuciosamente construídos como réplicas do Vaticano, também é contemplado por toda sua grandeza na fotografia do longa-metragem.

Ainda mais, o uso em destaque da cor vermelha – que é saturada – e a eminência entre os personagens e seu entorno, bem como o uso da luz e da escuridão como técnica de storytelling, tornam o longa ainda mais imersivo ao espectador. Dessa forma, a cinematografia se torna uma ferramenta essencial para a edificação de “Conclave”. 

“Conclave” estreia nos cinemas de todo o Brasil dia 23 de janeiro e tem distribuição da Diamonds Films Brasil.

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