A partir de julho, a história sobre trilhos entre São Paulo e Minas Gerais ganhará um novo capítulo. Mais de um século após transportar Dom Pedro II e a família imperial, a ferrovia entre Cruzeiro (SP) e Passa Quatro (MG) será parcialmente reativada para passeios turísticos. O projeto Trem SP-Minas resgata não apenas uma conexão geográfica, mas também um importante patrimônio cultural da região.
Inaugurada em junho de 1884, a ferrovia fazia parte da antiga Rede Ferroviária Federal e foi, por décadas, uma via essencial para o transporte de passageiros e mercadorias. Na época de sua abertura, Dom Pedro II esteve presente na cerimônia, acompanhado por membros da família real, realizando o trajeto inaugural. O objetivo original era ambicioso: ligar os estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. No entanto, o plano acabou limitado ao trecho entre o sul de Minas e Cruzeiro.
Desativada desde 1991, a linha voltará a receber trens em etapas. O primeiro trecho revitalizado, com sete quilômetros de extensão, ligará a Estação de Cruzeiro até Rufino de Almeida, e será inaugurado nos dias 5 e 6 de julho. O trajeto será feito em locomotivas históricas, preservando o charme das antigas viagens de trem.
A segunda fase do projeto prevê a ampliação até o Túnel da Mantiqueira, na divisa entre os estados. Esse túnel tem um forte simbolismo histórico: foi cenário de batalhas intensas durante a Revolução Constitucionalista de 1932. Local estratégico entre tropas paulistas e federais, o local ficou conhecido pela resistência e pelas mais de 250 vidas perdidas nos confrontos.
Do lado mineiro, a ferrovia já está em operação turística desde 2004, com o trecho entre o Túnel da Mantiqueira e Passa Quatro funcionando regularmente. A ideia é que, com a conexão do lado paulista, os visitantes possam realizar o percurso completo, ampliando a experiência e movimentando o turismo nas duas regiões.
Além do valor histórico e cultural, o projeto Trem SP-Minas representa uma nova oportunidade de desenvolvimento para os municípios ao longo da linha. A expectativa é de que a reativação estimule o comércio local, atraia visitantes interessados em turismo de experiência e fortaleça a memória ferroviária brasileira.
