Goo Goo Dolls ressalta amor pelo Brasil no Best of Blues and Rock 2023

Finalizando o último dia do Best of Blues and Rock 2023, no último domingo (4), o Goo Goo Dolls participou de uma rápida coletiva de imprensa. Robby Takac, usando chinelos, e Johnny Rzeznik (sob mediação de Gastão Moreira e do criador Pedro Bianco) relembraram momentos importantes de sua carreira durante o bate-papo.

Primeiramente, Rzeznik comentou sobre “I’m Awake Now”, single lançado em 1991 e parte da trilha sonora de “A Hora do Pesadelo 6”. Nas palavras do cantor, como faz muito tempo desde que a música saiu, não lembra com detalhes o processo criativo. Mas no geral, adora compor para filmes, pois se coloca no lugar do personagem e cria diálogos em sua cabeça.

Outra faixa citada foi “Better Days”, conhecida por passar uma mensagem de esperança. “Bem, eu amo essa música. Eu sei que eu não deveria dizer isso, já que eu que compus, mas eu a adoro, acho que ela captura bem o momento. Foi originalmente composta para ser uma canção de Natal, mas depois de um grande furacão ter atingido os Estados Unidos, a faixa foi utilizada para arrecadar dinheiro para ajudar as pessoas que estavam precisando, então ganhou um significado maior e totalmente diferente”, afirmou Rzeznik.

Essa é a segunda passagem da banda por aqui, que veio pela primeira e única vez em 2019. O duo, como destacou o mesmo integrante, disse estar feliz em voltar a terras brasileiras, depois de um período tão difícil quanto a pandemia. “Nós sempre quisemos vir para cá e estamos realmente felizes em voltar”.

De forma bem humorada, os artistas, que se conhecem há mais de quarenta anos, comentaram também como nunca tiveram um “plano B” caso o Goo Goo Dolls não desse certo.”Nós sempre comemoramos as pequenas vitórias, quando cinco pessoas apareciam nos shows, por exemplo. Nós apenas nos agarramos a isso. Robby chegou a se formar, mas eu não. Fui bartender, vendi cachorro-quente, era louco”, explicou, mais uma vez, Rzeznik.

Eles reconhecem como o seu público cresceu e brincaram sobre hoje em dia serem “crushes” de mulheres mais velhas e não mais de adolescentes. “Estamos vendo as pessoas trazendo seus filhos para os shows e seus filhos também estão gostando. É bom ver que as pessoas ainda se identificam com seu trabalho, os mais jovens também. Não fazemos mais parte necessariamente dessa geração e ainda temos apelo para eles, acho isso incrível”, finalizou Robby.

O que rolou no último dia de Best of Blues and Rock 2023? 

Day Limns ficou encarregada de abrir o dia final do Best of Blues and Rock. Para uma plateia majoritariamente jovem enfileirada nas grades, a cantora pop-punk entoou “Inconsequente”, “Efeito Colateral”, entre outras faixas, e agradeceu por diversas vezes aos fãs presentes, incluindo quem não conhecia o seu trabalho. Comentou como o palco era grande e, diante de um festival como esse, optou por performar acusticamente “Mania de Você”, de Rita Lee, para homenagear a rainha do rock brasileiro. Também divulgou parte de uma faixa inédita, “Minha Religião”, e chegou a brincar sobre o forte calor na capital paulista.

Em seguida, o “Ira!” deu continuidade às atividades. Com um rock afiado e, desta vez, sob a presença maior de um público mais velho, a banda nacional executou “Dias de Luta”, “Flerte Fatal”, “Envelheço na Cidade”, “Núcleo Base”, “Farto do Rock ‘n’ Roll” (do “Psicoacústica”, um dos discos mais pesados do grupo, segundo o vocalista Nasi), “Eu Quero Sempre Mais” (com Day Limns) e pronunciaram um “Viva Rita Lee” no meio do set. Em tom bem humorado, o guitarrista Edgard Scandurra descreveu o Ibirapuera como um espaço maravilhoso e comentou sobre o nome do parque carregar “Ira”.

Então, Goo Goo Dolls, uma das atrações mais esperadas do dia, subiu ao palco. Era possível ver pelas blusas espalhadas no local e pela quantidade de gente amontoada na frente como os fãs ansiavam pelo momento. Sob um jogo de luzes coloridas e, posteriormente, um lindo pôr do sol, Johnny Rzeznik e Robby Takac, com os pés descalços, performaram 20 faixas acompanhados dos músicos de turnê.

Enquanto imagens aéreas passavam nos telões, Rzeznik comandou a maioria das músicas, sempre perguntando aos presentes como estavam e caracteristicamente jogando o cabelo. Repetiu por mais de uma vez que espera voltar logo ao Brasil e arriscou um “obrigado” em português. Ainda no meio do set, disse estar amando cantar para o público brasileiro e que estava “muito divertido”. Até quando entoou a, em suas palavras, depressiva “Sympathy” conseguiu manter o carisma no alto junto do colega de banda. “Slide”, “Black Balloon”, “Better Days” (descrita como uma música especial entre o grupo e os fãs) e, claro, “Iris” (finalizando o set) figuraram no setlist.

Buddy Guy trouxe novamente o show de sua turnê de despedida para o Best of Blues and Rock, com uma performance magnética. Aos 86 anos, o ícone do blues não parava de sorrir e fazer gracinhas para um público entregue ao espetáculo apresentado. Carismático, não apenas tocava a guitarra com maestria, como também brincava com o instrumento: o esfregava na roupa, o tocava com baquetas, o dedilhava com panos e por aí vai. Também aproveitava para conversar com os fãs no meio das músicas.

Por exemplo, em “She’s Nineteen”, cover de Muddy Water, pronunciou: “Brazil got ways just like a baby child” (em tradução livre, “o Brasil tem o jeito de um bebê”). Já em “Five Long Years” perguntou quem já tinha sido maltratado – em referência ao verso “Lord, said I been mistreated”. Como não sabia falar em português, disse que amava o Brasil e todos os presentes em inglês mesmo. Assim como o título “I Let My Guitar Do the Talking”, ele realmente deixou sua guitarra falar por si. Carlise Guy e Greg, seus filhos, e Tom Morello ainda fizeram participações especiais no final, quando os fãs foram agraciados com várias palhetas.

Mais uma vez, Tom Morello encerrou a noite. O próprio destacou que o repertório mesclaria faixas de 17 dos seus 21 álbuns. De fato, ele englobou toda discografia no setlist, como parcerias com bandas mais jovens – “Gossip”, colaboração com Måneskin, e “Let’s Get The Party Started”, com o Bring Me The Horizon. “Eu disse aos meus vizinhos, meus amigos, minhas família, meus inimigos que os fãs brasileiros são os melhores. Vocês precisam provar isso nesta noite”, comentou.

O show – em partes apenas instrumental ou com maior suporte dos músicos de apoio, sobretudo do vocalista Carl Restivo – destacou-se também pelas homenagens. Ele dedicou “Like a Stone” para Chris Cornell, saudoso vocalista do Audioslave e Soundgarden, e pediu para que a plateia cantasse se soubesse a letra ou “fizesse uma oração” caso contrário.  Fez menção a Buddy Guy em “Cato Stedman & Neptune Frost”, o chamando de “melhor guitarrista de Chicago”, e direcionou a live de “Rat Race” para um amigo falecido, que o apoiava desde sua primeira banda, Electric Sheep.

Mais perto do encerramento, executou “World Wide Rebel Song” por “justiça ao mundo inteiro” e fez uma brincadeira, pedindo para que todo mundo abaixasse, independente de estar nas grades ou ao fundo. Para além da guitarra, que tocou até com a boca, cantou algumas das faixas. Terminou o set com o hit “Killing In The Name”, do Rage Against The Machine – momento mais poderoso da performance, com o público cantando em peso – , e “Power to the People”, do John Lennon, mostrando, através da guitarra marcada por efeitos, por que é um dos melhores guitarristas da história de acordo com a revista Rolling Stone.

 

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