O cantor, compositor e guitarrista americano Lenny Kravitz, 60, encerrou com um showzaço, neste sábado (23), a seca de quase seis anos sem se apresentar no Brasil. Quem foi ao Allianz Parque, em São Paulo, pôde sair com a sensação de ter visto um autêntico rockstar, intenso, mas também atencioso.
Lenny “foi para a galera” pelo menos 4x, uma para cada prêmio Grammy que tem na estante. Depois de duas horas de música, ele quis passear entre as trincheiras da pista premium para a loucura dos fãs e a agonia dos seguranças.
Dono de uma fazenda no interior do Rio de Janeiro, o artista se declarou ao país. Falando em inglês, disse: “O Brasil significa muito para mim, eu me apaixonei por este país (…) é um lugar que posso chamar de lar”. Em seguida, completou com um “eu te amo” em bom português.
O espetáculo fazia parte da turnê Blue Electric Light, do álbum homônimo lançado em maio, do qual Kravitz tocou três músicas (TK421, Human, Paralyzed). O show agrega cerca de 20 canções dos 35 anos de carreira do cantor, desde o disco de estreia Let Love Rule (1989).
A vibração roqueira se mantém alta durante quase toda a apresentação, ainda que os megahits, como “Again” e “Fly Away”, fiquem para o final. São poucos os momentos nos quais o público desacelera e segue a exibição só com os olhos e sem dançar.
A banda de Lenny Kravitz engrandece a apresentação: Craig Ross “sai do corpo” nos solos de guitarra e Jas Kayser arrasa na bateria. A produção visual, nos telões e jogos de luz, também merece destaque. A seguir, veja o setlist completo e notinhas dos três shows de abertura: Liniker, Lianne La Havas e Frejat. O “Lenny Festival” começou às 17h15 e terminou além das 23h.
Setlist de Lenny Kravitz
Em ordem: Bring It On, Minister of Rock ‘n Roll, TK421, I’m a Believer, I Belong to You, Stillness of Heart, Believe, Human, Low, Paralyzed, The Chamber, Fear, It Ain’t Over ‘Til It’s Over, Again, Always on the Run, American Woman, Fly Away, Are You Gonna Go My Way. BIS: Let Love Rule.
Notinhas das prévias
Frejat: o ex-Barão Vermelho empilha hits dos mais de 40 anos de estrada, parcerias com Cazuza, músicas da carreira solo, etc. Porém, um fato negativo chamou a atenção.
Segundo informações, Frejat precisava terminar o show exatamente às 20h30, mas avançou 2 ou 3 minutos do tempo para concluir “Pro Dia Nascer Feliz”. O som, simplesmente, foi cortado no meio da música, e a banda continuou mesmo sob coerção de produtores – não se sabe se do evento ou de Kravitz. O clima esquentou em cima do palco sem maiores intercorrências.
O público brasileiro protestou e exaltou Frejat, gritando seu nome, que devolveu mandando beijos antes de sair em definitivo.
Depois, o cantor emitiu um comunicado oficial: “Indignado com o desrespeito que sofri ontem no fim do meu show (…) venho agradecer o carinho e apoio do público presente que aplaudiu e cantou em cena aberta a canção que estava sendo tocada, essa que seria a última do meu show. Agradeço também todas as postagens de apoio e indignação pelo ocorrido. Muito obrigado de coração.”
Liniker: maravilhosa. Depois de esgotar três datas no Espaço Unimed, a cantora se apresentou pela primeira vez no Allianz Parque com uma versão enxuta da nova turnê Caju. A voz da artista e de seus backing vocals, apelidados por ela de Black Dolphins, ecoaram lindamente com a ajuda da acústica do estádio. Certamente, muito em breve, Liniker também será capaz de lotar um Allianz com sua arte.
Lianne La Havas: pouco conhecida do público, a britânica não animou. A artista tem talento e voz para levantar estádio, mas um show intimista parece ser mais sua cara. Tem um, hoje, no Cine Joia, com ingressos esgotados.