Dando continuidade ao primeiro volume do álbum “De Volta Ao Novo”, lançado em outubro do ano passado, o Jota Quest disponibilizou a segunda parte do projeto nesta quinta-feira (29). Em coletiva de imprensa realizada online – a primeira da banda no formato -, os integrantes deram detalhes a respeito do material e da fase atual de sua carreira.
Ao todo, são nove canções inéditas, que incluem parcerias de peso e que marcaram o primeiro trabalho do Jota com o produtor Rick Bonadio. Por exemplo, “O Amor é Mágico” é um feat com FBC e uma versão brasileira da música portuguesa de mesmo nome da dupla Expensive Soul.
Já “Eu Queria Ser”, homenagem para Rita Lee, contou com participação do Sérgio Britto, do Titãs. Por fim, em “Amantes da Sétima Arte (Replay)”, colaboraram com Lucas Silveira, da Fresno, descrita como “bem groove, bem Jamiroquai”.
O vocalista Rogério Flausino, que estava em São Paulo e vestia uma camiseta temática do disco, destacou como tais canções “sintetizam os últimos quatro anos de produção fonográfica da banda”. Ainda refletiu:
“Muita coisa podia ter acontecido e a gente podia não ter chegado aqui. Se a gente tivesse rompido, por qualquer motivo que fosse, a gente não estaria vivendo o maior momento da nossa carreira artística. Esse é o prêmio por termos nos mantido unidos, fortes.”
O processo de criação de “De Volta ao Novo”
A banda começou a trabalhar em “De Volta Ao Novo” como um todo antes da pandemia. Porém, os planos mudaram com o coronavírus. Ainda assim, o grupo optou por, ao menos na versão deluxe, colocar os singles lançados em tal período, incluindo “Guerra e Paz” e “Imprevisível”, como explicou o cantor:
“As canções incluídas no final [na versão deluxe] foram lançadas na pandemia. A gente já estava fazendo o álbum, mas a pandemia impediu que a gente continuasse, porque precisávamos ficar juntos. Ninguém esperava que a pandemia durasse tanto tempo. Quando chegamos no quarto single, decidimos parar, porque tínhamos um álbum para entregar.
Quando acabou a pandemia, voltamos para a estrada, com a turnê ‘Jota25’. Somente no início de 2023 voltamos para o disco, então achamos tudo aquilo datado, que não tinha aquela energia que precisávamos. Começamos do zero tudo de novo. Naquele momento, ainda ficamos grilados, mas no segundo volume, consertamos [e colocamos essas músicas]. A produção foi diferente de todas as outras, a gente demorou 4 anos, enquanto demorávamos 6 ou meses. Mas as canções fazem parte do mesmo momento, a gente se vê nesse repertório”.
O pós-pandemia
Paulinho Fonseca, então, acrescentou:
“Foram dois momentos, isso foi bem marcante pra gente. A gente começou desacelerando, para gravar um disco. Veio a pandemia, a gente ficou parado. Tudo voltou, então a gente acelerou e a sonoridade mudou. O disco começou bem introspectivo. Mas quando voltamos, pensamos ‘vamos soltar os cachorros’, veio aquela ânsia de gravar.”
Aproveitando, o baterista também relembrou com felicidade o recente show do Jota Quest no Allianz Parque, em junho:
“Foi com essa vontade de tocar em estádio que eu comecei. Em 1985, a gente viu o Paralamas no Rock in Rio e pensamos: ‘queremos estar nesse lugar’. Aquilo foi um incentivo muito grande. Festival é diferente, mas um show nosso, numa arena, para aquele tanto de gente, é uma emoção fora do normal. Tanto que travei as costas e estava no hospital momentos antes [risos]. Renovou a banda mil vezes, saímos com um gás, pensando ‘estamos começando’.”
Importância de lançar álbuns
Apesar de hoje em dia a tendência de soltar apenas singles seja forte entre artistas, PJ acredita na importância de lançar álbuns. O baixista pontuou:
“O Jota é uma banda que já tem um tempo. Bandas tipo Red Hot Chili Peppers, U2, até mesmo Coldplay, e até os artistas mais novos, como Taylor Swift, todo mundo lança LP, porque a gente tem uma história para contar, não é uma única música, é um entorno em volta. Talvez há uns 2 ou 3 anos, estava no ar a ideia: ‘será que vale a pena lançar LPs?’. Se você ver os últimos lançamentos, Beyoncé lançou 20 músicas, Timberlake mais umas 20, Taylor não para também, até regravou discos. Então, esse formato é mais do que presente. Acho ótimo, muito chato ficar ouvindo single toda hora, acho meio preguiçoso na verdade.”
Sonoridade de “Valer o Dia”
Quando perguntados pela Alpha Fm a respeito da faixa “Valer o Dia”, cuja gravação do clipe aconteceu em um edifício em Brooklyn, em Nova York, o músico explicou:
“É uma canção típica do Jota. Quando a gente começou, não sabíamos que tínhamos isso no DNA. A gente não fazia baladas mais pop. No primeiro CD, talvez “Vício”, que soa bem soul, R&B. Acho que a gente viu que tava no DNA, de extrapolar isso. Tava vendo um documentário do Rolling Stones e o Mick Jagger fala a mesma coisa, que começaram como uma banda de R&B e abriram. Sem querendo comparar, o Jota foi a mesma coisa. Esse tipo de arranjo é muito natural para a gente. Na minha parte, quis até por um pouco de surfing no baixo, aquela coisa dos Beatles.”
Próximos planos do Jota Quest
Em relação aos próximos planos do Jota Quest, PJ destacou que a banda pode fazer uma turnê divulgando o disco mencionado no ano que vem – passando por locais como Brasília. Rogério também revelou que os músicos gravaram um videoclipe “muito lindo” de mais uma canção do volume 2 em Nova York, no mesmo espaço, num dia extremamente quente, com lançamento em breve. “Um planejamento para o Jota30 já está rolando”, brincou ainda Paulinho.