“Anatomia de uma Queda” é uma das grandes estrelas dos indicados ao Oscar 2024. A produção francesa conta a história de uma escritora de muito sucesso que acaba sendo acusada de assassinar o marido e a única possível testemunha do crime seria seu filho pré-adolescente cego. Em síntese, a história se passa basicamente num tribunal, onde acompanhamos o debate se Sandra foi responsável ou não pela morte do cônjuge.
O espectador não tem muitas informações para tomar decisões. Afinal, o pai de Daniel aparece morto e ficamos nos perguntando como ele caiu da janela. Apesar de ser uma produção francesa, a maioria do filme se passa em inglês. O que, inclusive, é um ponto de discussão entre os personagens em determinado ponto da história.
Vamos juntando aos poucos as informações que nos são dadas. Justine Triet, a diretora do projeto, é mestre em deixar no ar dados e informações que seriam cruciais. Em determinado momento, por exemplo, somos apresentados a uma cena de discussão entre Sandra e Samuel. Os dois discutem os rumos que as vidas deles tomaram. O marido se sente insatisfeito de estar em casa cuidando dos filhos, e a esposa argumenta que a responsabilidade também é dele, e ela não pode ser culpabilizada.
“Anatomia de uma Queda” e “História de um Casamento”
Triet comentou, inclusive, que esta cena de diálogo é uma forma de resposta a outro filme “História de um Casamento”, com Adam Driver e Scarlett Johansson. Aliás, para quem conhece as duas produções, vai encontrar muitos pontos de convergência. Entretanto, neste longa-metragem, não temos uma resposta exata.
Já fico o aviso. Para quem não gosta de finais abertos, pode não gostar da proposta do filme. Entretanto, “Anatomia de uma Queda” faz um bom papel em debater gênero e discutir universos tão particulares quanto o de relacionamentos amorosos. Sem falar a interpretação primorosa de Sandra Hüller, com seu monólogo poderoso e expressões faciais impenetráveis.
