Nesta sexta-feira (31), estreia no Canal Brasil o primeiro episódio da série documental “Primavera nos Dentes: a história dos Secos & Molhados”. Dividido em quatro partes, o projeto revisita a trajetória de uma das bandas mais prolíficas da década de 1970 — e também uma das mais efêmeras. A Alpha FM assistiu aos dois primeiros episódios e antecipa o que esperar do lançamento.
Integrantes originais aparecem?
Para quem viveu os anos 1970, uma das notícias mais chocantes foi a separação do Secos & Molhados. No auge do sucesso, o grupo anunciou sua dissolução devido a conflitos internos — e essa ruptura ainda ecoa até hoje, com a ausência de João Ricardo, membro fundador.
Apesar de diversos convites da produção, o músico recusou participar e também não autorizou o uso de canções emblemáticas como “O vira”, “Sangue Latino” e “Mulher Barriguda”. Ainda assim, o documentário conta com depoimentos de Ney Matogrosso, Gerson Conrad, Emilio Carrera, Willy Verdaguer e Paulo Mendonça — todos fundamentais para o que conhecemos como Secos & Molhados.
Trilha sonora original
Como as faixas clássicas da banda não puderam ser utilizadas, a solução encontrada foi criativa: reunir os integrantes para compor novas músicas e criar a trilha sonora original da série.
O resultado surpreende. A sensação é de estar ouvindo o verdadeiro Secos & Molhados, ainda que com canções inéditas. Ao todo, são sete faixas autorais compostas especialmente para o projeto.
Contexto cultural e político do início dos anos 70
Além de narrar a história do grupo, o documentário traça um panorama histórico do Brasil dos anos 1970 — um período de intensa efervescência cultural, mas também de forte repressão política durante a Ditadura Militar.
O roteiro mostra como o Secos & Molhados conseguiu dialogar tanto com a MPB — ao musicar poemas de grandes autores brasileiros — quanto com o rock, por meio de arranjos marcantes e performances ousadas.
Ousadia e originalidade de Ney Matogrosso
É impossível falar sobre o grupo sem destacar a presença magnética de Ney Matogrosso. “Primavera nos Dentes” ressalta como sua coragem e teatralidade moldaram a identidade artística da banda. O documentário revisita o impacto de suas performances em um contexto de censura e revela informações sobre a origem das maquiagens icônicas, fruto de sua curiosidade estética e liberdade criativa.
Conclusão
Mais do que revisitar a história de um grupo lendário, “Primavera nos Dentes” é um retrato sensível sobre como arte, ousadia e liberdade se entrelaçaram para moldar uma geração. Ao revelar bastidores, tensões e reencontros, a série mostra que o Secos & Molhados foi muito além de um fenômeno musical: foi um movimento de ruptura estética e de resistência em meio à censura.
Com narrativa envolvente e novas composições que resgatam a essência do grupo, o documentário reafirma o legado de Ney Matogrosso e seus parceiros como símbolos de coragem e autenticidade — artistas que transformaram o palco em espaço de expressão e questionamento, deixando uma marca indelével na cultura brasileira.
Confira o trailer abaixo:
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