Em 2016, Madonna recebeu o título de “Mulher do Ano” na premiação Women in Music, idealizada pela Billboard. Na ocasião, ela ganhou a honraria por sua relevância, singularidade e revolução na indústria, como também por, naquele ano, ter estendido seu recorde como a artista feminina com maior bilheteria de todos os tempos.
Fato é que, ao subir no palco, apesar de fazer algumas gracinhas, a Rainha do Pop – que vem ao Brasil para um show gratuito em Copacabana no dia 4 de maio – chorou. Em seu discurso, relembrou o início da carreira, os comentários odiosos que ouviu, o machismo na indústria, os momentos difíceis. Mas também aproveitou a oportunidade para destacar o impacto de sua obra.
Inicialmente, começou, mencionando sua mudança para Nova York:
“Obrigada por reconhecerem minha capacidade de continuar minha carreira por 34 anos diante do sexismo, da misoginia, do bullying constante e do abuso. Em 1979, Nova York era um lugar muito assustador. No primeiro ano, fui mantida sob a mira de uma arma, abusada e ameaçada e tive meu apartamento arrombado e roubado tantas vezes que parei de trancar a porta. Nos anos que se seguiram, perdi quase todos os amigos que tinha. Na vida não há segurança real, exceto a autoconfiança.”
Inspiração em David Bowie
Então, continuou, abordando a admiração por David Bowie:
“É claro que fui inspirada por Debbie Harry, Chrissie Hynde e Aretha Franklin, mas minha verdadeira musa foi David Bowie. Ele encarnou o espírito masculino e feminino e isso ressoou em mim. Ele me fez pensar que não havia regras. Mas eu estava errada. Não existem regras se você for um cara. Existem regras se você é uma garota. Seja o que os homens querem que você seja, mas o mais importante, seja alguém que as mulheres se sentem confortáveis de estar perto na companhia de outros homens. E finalmente, não envelheça. Porque envelhecer é pecado. Você será criticado e difamado e definitivamente não será tocado no rádio.”
Madonna continua entre lágrimas
Depois, desabafou sobre o casamento e divórcio com Sean Penn, o lançamento do álbum “Erotica” (1992) e a recepção negativa de parte do público. A partir daí, começou a chorar e, entre lágrimas, pronunciou:
“Levei um tempo para me recuperar e continuar com a minha vida criativa, continuar com a minha própria vida. Encontrei conforto na poesia escrita por Maya Angelou, nos textos de James Baldwin e nas músicas de Nina Simone. Lembro de querer ter uma amiga para procurar naquele momento. As pessoas dizem que eu sou muito controversa, mas acho que a coisa mais controversa que eu já fiz foi continuar aqui. Michael se foi. Tupac se foi. Prince se foi. Whitney se foi. Amy Winehouse se foi. David Bowie se foi. Mas ainda estou aqui. Sou sortuda e todos os dias conto minhas bênçãos.”
Por fim, Madonna mandou um recado para todas as mulheres presentes na plateia:
“O que eu gostaria de dizer a todas as mulheres aqui hoje é o seguinte: as mulheres foram oprimidas há tanto tempo que acreditam no que os homens falam sobre elas. Há alguns homens muito bons que valem a pena apoiar, mas não porque sejam homens – porque são dignos. Como mulheres, temos que começar a dar atenção para nosso próprio valor e o valor umas das outras. Procure mulheres fortes para fazer amizade, para aprender, para colaborar, para buscar inspiração, para apoiar.”
Assista em inglês abaixo: