Créditos: Anendfor/The Town
Neste domingo (7), aconteceu o segundo dia do The Town 2025. Irmão do Rock in Rio, o festival realizado no Autódromo de Interlagos, em São Paulo, teve um lineup orientado ao rock, trazendo atrações como Green Day, Bad Religion, Bruce Dickinson e Iggy Pop.
Veja os destaques abaixo:
Inocentes e Supla
Abrindo as atividades do Palco The One, Supla e Inocentes fizeram um show conjunto. Primeiramente, a banda oriunda de São Paulo subiu ao palco, com os telões apresentando imagens ligadas ao punk em preto e branco e entoando faixas como “Rotina”, “Expresso Oriente” e “Garotos do Subúrbio”.
Entre as canções, Clemente Nascimento (voz e guitarra), Ronaldo Passos (guitarra), Anselmo Monstro (baixo) e Nonô (bateria) não só demonstraram uma sintonia característica de uma banda com mais de 40 anos de história, como também aproveitaram para fazer interações importantes com o público: sobretudo, tanto para enaltecer o punk rock, o lineup com Black Pantera e Punho de Mahin e sua participação no festival descrita como uma honra, quanto para manifestações políticas.
Um dos momentos mais divertidos ficou em “Pátria Amada”, quando o “Charada Brasileiro” apareceu mascarado, com uma bandeira escrito “Salve-se Quem Puder”. Correndo por todo espaço, Supla até tropeçou, mas seguiu firme. “10 reais para quem acertar quem era”, brincou Clemente.
Em seguida, o grupo e o cantor executaram juntos “I Fought the Law”, do The Clash, para que Supla assumisse o palco sozinho com Os Punks de Boutique. No setlist, o artista até tocou trompete e incluiu releituras de “As It Was”, de Harry Styles, “Imagine”, de John Lennon”, “Dancing With Myself”, clássico na voz de Billy Idol, e “She Loves You”, dos Beatles, além das autorais “Livre” e “São Paulo”. Por fim, “Blitzkrieg Bop”, dos Ramones, encerrou, com todos no palco.
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Capital Inicial
Composto por Fê Lemos (bateria), Flávio Lemos (baixo), Loro Jones (guitarra) e Dinho Ouro Preto (vocal), o Capital Inicial apostou num repertório de hits consolidados e muito conhecidos pelo público. Por exemplo, “Natasha”, “À Sua Maneira” e “Primeiros Erros” apareceram no set.
“Que País É Esse?”, do Legião Urbana, também ganhou espaço para um momento mais político, enquanto “Should I Stay or Should I Go”, do The Clash, veio como uma homenagem à programação: “Já que os Sex Pistols não vieram, vamos cantar uma do Clash”, afirmou Dinho, que, vestindo uma camiseta com a frase “too fast to live too young to die”, também enalteceu o feriado da independência e o público – que cantou junto do início ao fim e que, em suas palavras, fazia “o sangue ferver”.
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Bruce Dickinson
É inacreditável ver Bruce Dickinson ao vivo, seja como vocalista do Iron Maiden ou como artista solo, caso do The Town neste domingo. Aos 67 anos, o cantor não só mostrou os vocais potentes e carisma já conhecidos do público que o acompanha na banda, como trouxe canções de variados momentos da carreira. Teve tanto espaço para o clássico “Tears of the Dragon”, assim como para “Revelations”, da Donzela de Ferro, a cappella como uma surpresa em referência ao Rock in Rio 1985, quando esteve no país pela primeira vez. Inclusive, o cantor, visivelmente feliz e utilizando um colete do mais recente projeto “The Mandrake Project” (2024), interrompeu o discurso antes da performance ao ser exaltado pelo público com coros de “Olê Olê Bruce Bruce”.
Dentre as canções, o artista revelou que teria pouco tempo de set, mas que voltaria em 2027 com um show mais longo e um novo disco. Também pronunciou os típicos “scream for me, Brasil” e fez questão de contar a história de certas faixas, como “Book of Thel”, inspirada no poema de William Blake de mesmo nome, na qual pediu para o público “pular furiosamente”. Ainda, chamou atenção a introdução curiosa para “Rain on the Graves”, na qual brincou sobre os políticos brasileiros ao descrevê-la como o momento em “você anda na rua em direção a um velho cemitério e vê um homem grande e alto com chifres que é o diabo”.
Destaques ficaram em “Ressurection Men”, em que tocou bongô e fez um “teatrinho” como se estivesse segurando um vidro, e em “Flash of The Blade”, do Maiden, que encerrou o set, antes de Bruce despedir-se citando a próxima atração do espaço Bad Religion.
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Bad Religion
Em substituição ao Sex Pistols, o Bad Religion fez jus ao dia dedicado sobretudo ao punk rock. Greg Graffin (vocal), Jay Bentley (baixo), Brian Baker (guitarra), Mike Dimkich (guitarra) e Jamie Miller (bateria) fizeram o público acender sinalizadores em ao menos três músicas, iniciar rodas punk e, claro, cantar a plenos pulmões músicas como “American Jesus”, “You” e “21st Century (Digital Boy)”.
“Obrigado por nos receberem de volta. Realmente valorizamos esta noite especial. Uma semana atrás, não sabíamos que iríamos voltar para São Paulo. Nos perguntaram ‘hey, podem vir semana que vem?’ e aceitamos. Desejamos aos nossos amigos [do Sex Pistols] o melhor, eles iriam tocar aqui hoje, mas esperamos não desapontar vocês”, contou o vocalista, que dedicou também “Generator” aos fãs que os viram em sua primeira passagem no país, e descreveu “Sorrow” como a música sobre o seu pai. Ainda, pronunciou inúmeros “muito obrigado” em português em meio às canções.
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Iggy Pop
Aos 78 anos, Iggy Pop impressiona pela energia. Como sempre, a lenda da música iniciou a performance tirando a camiseta e fazendo os seus típicos movimentos no palco, se contorcendo enquanto mexia no pedestal do microfone, vestindo nada além de um colar e uma calça de couro. Uma grande multidão, que incluiu Supla, acompanhou a apresentação realizada no Palco The One.
Apontando para os fãs e chamando o público de “motherfuckers” num tom bem-humorado, o cantor logo pediu para que acendessem as luzes a fim de ver a plateia e emendou a sequência “Gimme Danger” e “The Passenger”, com uma competente banda nos instrumentos de sopro. Fazendo pequenas introduções com os títulos das faixas, Iggy era um espetáculo por si só.
Enquanto disse em “Funtime” que “fazia muito tempo [desde que eu não vinha], eu amo vocês”, em outro momento aproveitou para trazer uma reflexão advinda com tantos anos de experiência: “quando você é jovem e se sente vivo, você olha ao redor e percebe que a maioria das pessoas estão mortas por dentro e nem se dão conta disso”.
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Green Day
O sucesso do Green Day é incontestável. Com mais de 70 milhões de discos vendidos, a banda que estourou na década de 1990 ganhou merecidamente o posto de headliner do segundo dia do The Town 2025, que celebrou o punk rock. Em meio à programação que trouxe Iggy Pop e Bad Religion, Billie Joe Armstrong (vocalista e guitarrista), Mike Dirnt (baixista e vocalista) e Tré Cool (baterista) honraram a posição de prestigio.
Em resumo, a apresentação da banda é completa, em todos os sentidos. O tempo inteiro, o frontman faz inúmeras dinâmicas com o público e, além do ânimo descomunal e característico, ainda é apoiado pelo carisma dos outros integrantes. E não para por aí. Ao longo da performance de quase 2h, o Green Day conta com muita pirotecnia, confetes, papel picado, chamas, efeitos nos telões e o principal: um repertório que, quando sustentando pela discografia mais antiga, mostra resistir ao tempo e, quando traz novidades, ainda empolga. Leia a cobertura completa aqui.
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