“A Xuxa achou minha música estranha”, lembra Zeca Baleiro

Conte um pouco de sua parceria com Vinicius Cantuária e o disco “Naus”, quando será lançado?

Vinicius é um compositor de uma geração anterior a minha, um cara que admiro muito, acompanhou Gal Costa e Caetano Veloso em discos antológicos, sempre teve uma admiração a distância. Um amigo em comum, o Walter Costa, disse que a gente tinha muita afinidade artística e realmente ela aconteceu. Compomos doze canções durante a pandemia. A gente já gravou o disco e imagino que até o final do ano o disco será lançado.

Em sua carreira você deve ter muitas boas histórias, casos inusitados, conte um.

Há muitas histórias, daria um livro. Ontem a gente conversava sobre essas aventuras. Eu tenho uma história maravilhosa com a Xuxa. No primeiro disco havia uma música, “Bandeira”, uma canção de amor, na verdade uma canção de separação.

A gravadora me deu a notícia que a música entraria na trilha de uma novela, a novela “Por Amor”, lá nos anos 90. Como era meu primeiro disco, eu ainda estava verde para essa história de divulgação. A música era totalmente inadequada para um programa de auditório, era silenciosa, dois violões, acordeom, não era vibrante. Tive que cantar sem o violão, com o microfone na mão, eu não sabia cantar assim e fui, todo preparado no Fábio Junior.  Cantei, e quando acabou a música a Xuxa perguntou: “nossa que música estranha, de onde saiu isso?”, e eu disse que saiu daqui [apontando para o coração]. Aquilo atrapalhou toda a divulgação da música. Acho que ela não gostou muito da minha ironia e acho que a música nem foi ao ar.

E quais são suas expectativas para música brasileira após a pandemia?

Nesse momento a gente não sabe muito bem o que vai acontecer, algumas pessoas fazem profecias drásticas, mas o momento é bom. A produção vai bem, o que está em declínio é o mercado, estamos em um momento de transição, é um momento de independência, sem gravadoras, em que os artistas, até os grandes, pagam seu próprio trabalho, estamos aprendendo passo-a passo

E você tem show esse sábado, que faz parte da turnê do disco “O Amor no Caos”. Deixa um convite para nossos ouvintes. 

Esse show estava marcado antes da pandemia, já foi adiado duas vezes e agora resolvemos fazer. Eu achei interessante encerrar, até porque eu já lancei um novo disco Canções d’Além-mar, então eu já estou em um novo momento. É o encerramento da turnê e a gente vai tocar o repertório desse disco e dos anteriores. É o primeiro show com banda que farei nesse período todo de pandemia, então a gente está sedento para tocar e imagino que o público também esteja muito a fim por esse show. Convido todos para o show no Tom Brasil, dia 2 de outubro. 

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