O tênis é uma das modalidades que teve maior expansão no Brasil nos últimos anos, o que pode ter sido favorecido pelo sucesso e empatia dos tenistas profissionais brasileiros e pelo destaque que a mídia dá a este esporte. Outros fatores importantes que impulsionaram esse “boom” foram os benefícios que o tênis promove nos atletas.
A prática do tênis desenvolve habilidades como coordenação motora, concentração, disciplina e condicionamento físico. Um treino de uma hora pode queimar de 500 a 800 calorias (a depender da intensidade). Por isso, um treinamento assíduo com o acompanhamento de um profissional de educação física pode auxiliar no emagrecimento, no fortalecimento muscular e na melhora cardiovascular.
Durante uma partida, os atletas se defrontam com diversos desafios que exigem pensamento estratégico e tomadas de decisões para obtenção do êxito. Por isso, esse exercício também desenvolve a construção da confiança e da autoestima do praticante.
Apesar de ser um esporte muito competitivo, o tênis valoriza o respeito às regras e ao adversário. Essas características o tornam uma ótima opção para incentivar valores de educação e disciplina nas crianças. Por falar dos mais novos, vale a pena ressaltar que ele pode ser praticado por pessoas de todas as idades e com diferentes níveis de habilidade.
No entanto, alguns cuidados devem ser tomados. Praticantes acima de 40 anos devem realizar uma avaliação cardiológica prévia e manter um trabalho contínuo de reforço muscular, que pode ser realizado em academias de musculação, Pilates e ginástica funcional. Vale a pena lembrar que a intensidade dos treinos deve respeitar a individualidade de cada pessoa.
Alguns grupos de pessoas deveriam evitar o tênis:
● Cardiopatas.
● Praticantes com problemas pulmonares crônicos e de difícil controle.
● Pacientes com hérnias de disco sintomáticas na coluna vertebral
● Pacientes com artroses moderadas e graves nos membros inferiores
● Paciente com artrose nas articulações do membro que empunha a raquete.
Existem também outras situações que impediriam a prática do tênis, por isso, caso a pessoa tenha alguma dor ou limitação nos membros ela deve procurar um ortopedista antes de iniciar a atividade.
Já falamos muito dos benefícios dessa atividade esportiva quando realizada adequadamente. Mesmo assim, como em todo esporte, as lesões podem ocorrer e não são infrequentes! Os distúrbios ortopédicos associados ao tênis podem ser traumáticos ou degenerativos.
As lesões musculares estão entre as lesões traumáticas mais frequentes. Geralmente elas ocorrem no início ou no final de temporadas esportivas e estão associadas a falta de aquecimento prévio ou fadiga extrema. São mais comuns na panturrilha e na coxa e podem ser provocadas por um movimento de arrancada. Outras lesões traumáticas recorrentes são os entorses de tornozelo e do joelho que ocorrem durante a aterrissagem dos saltos e os movimentos de mudança de direção para alcançar uma bola que chegou no contrapé.
As lesões de sobrecarga, também conhecidas como overtraining, podem acometer os iniciantes, aqueles esportistas que não fazem um reforço muscular adequado, os que realizam muitas repetições sem o repouso necessário e principalmente os praticantes que executam os movimentos esportivos incorretamente. As lesões de sobrecarga do quadril muitas vezes são relacionadas ao impacto femoroacetabular. Isso porque esses tenistas desenvolvem uma protuberância óssea na cabeça do fêmur ou no osso da bacia que ocasiona impacto entre si durante os extremos de movimento dessa articulação. Isso promove dor e perda progressiva de mobilidade do quadril.
No joelho é comum o tenista referir dor na frente da articulação, pois os repetitivos movimentos de aceleração e desaceleração causam uma sobrecarga no mecanismo extensor e tendinite na região da patela. A mudanças bruscas de direção e os saltos também podem ocasionar lesões na coluna vertebral, visto que estes distúrbios são uma importante causa de afastamento entre os atletas profissionais
O membro superior também é muito acometido pelas lesões de sobrecarga. No punho e no cotovelo pode ocorrer tendinite, muitas vezes em decorrência da empunhadura inadequada na raquete e da técnica mal executada durante a realização do “back-hand”. Não é atoa que aquela tendinite que ocasiona dor no lado externo do cotovelo é conhecida como “cotovelo do tenista”.
Durante uma partida de tênis, o ombro realiza movimentos amplos, rápidos e com grande força de impacto. Por isso, um reforço muscular é primordial para evitar algumas lesões que são bem frequentes nesta articulação. É comum recebermos tenistas com lesões do manguito rotador, lesões labiais/ligamentares (por exemplo SLAP) e as alterações do ritmo de movimento da escápula. Geralmente esses atletas estão realizando repetições excessivas, com técnica inadequada, empunhadura errônea, tensionamento exagerado da raquete, preensão excessiva na empunhadura ou simplesmente não realizaram o fortalecimento muscular necessário.
Portanto, se você não tiver nenhuma contraindicação e quiser usufruir dos benefícios dessa prática esportiva sem contratempos, siga estas orientações:
● Procure um local para a prática do tênis que tenha orientação técnica.
● Faça o fortalecimento muscular.
● Aqueça o corpo antes das atividades.
● Utilize calçados e raquetes adequadas.
Se mesmo assim você sofrer alguma lesão ou desconforto, procure sempre um ortopedista para realizar o seu diagnóstico e indicar o melhor tratamento. Muitas vezes o acompanhamento de um fisioterapeuta será necessário para avaliar a biomecânica do movimento, com o intuito de prevenir patologias, corrigir vícios de postura e realizar uma boa reabilitação da lesão.
Por João Manoel Fonseca Filho
Ortopedista especialista em trauma do esporte e cirurgia do ombro e cotovelo – CRM 131.356