Por Claudio Dirani
Ela tinha apenas 24 dias naquele mês de junho de 1922, mas o teatro já dava sinais que seria sua vocação para o resto da vida. A então recém-nascida Abigail, filha do ator Procópio Ferreira e da bailarina Aída Izquierdo, precisou substituir uma boneca no colo de sua madrinha, que atuava na peça Manhãs de Sol, de Oduvaldo Vianna. E assim, a vida se confundia com a carreira, e a carreira se transformava na jornada de Bibi Ferreira até seu último dia neste 13 de fevereiro de 2019.
Décadas de amor e arte
Em 11 de setembro de 2018, Bibi anunciou oficialmente seu adeus ao que mais gostava de fazer: subir ao palco, cantar e atuar. Depois de conquistar inúmeros prêmios como Moliére, APCA e Sharp e reviver Edith Piaf de maneira incomparável, a hora de parar havia chegado.
“Nunca pensei em parar, essa palavra nunca fez parte do meu vocabulário, mas entender a vida é ser inteligente. Fui muito feliz com minha carreira. Eu me orgulho muito de tudo que fiz. Obrigada a todos que de alguma forma estiveram comigo, a todos que me assistiram, a todos que me acompanharam por anos e anos”, definiu Bibi.
Nesta quarta-feira cinzenta de verão, à maneira de outras figuras históricas como Pablo Picasso, Bibi nos deixou sem sofrimento – de modo sereno. Ela faleceu em seu apartamento, no bairro do Flamengo, no Rio de Janeiro. Segundo a filha de Bibi, Tina Ferreira, seu último pedido antes de dormir foi um copo d’água.
Bibi Ferreira, na verdade, apenas saia de cena.
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