Já sabemos que o trabalho é hoje um dos pilares mais importantes da vida de uma pessoa. Diria até que a educação dos nossos jovens não é mais destinada para a vida e, sim, para a aquisição de conhecimentos técnicos e inserção no mercado de trabalho. Vivemos numa era mecanicista, o mundo visto como uma máquina de produção que não pode parar e que deseja um lucro cada vez maior a qualquer custo. Ocorre que uma jornada de trabalho intensa ou a incapacidade de se desligar do trabalho pode elevar consideravelmente os níveis de cortisol, também conhecido como o “hormônio do estresse”, responsável por preparar nosso corpo para “fugir ou lutar” em situações de extrema pressão. Agora imagine uma enorme jornada de trabalho e que ainda seja tóxica, considerada ruim, negativa ou desmotivante: qual o impacto disso nas outras esferas da vida da pessoa?
Tenho percebido que o mundo pós-pandemia aumentou ainda mais esse ritmo frenético de trabalho, produção, lucro, metas, prazos. Associado a esse contexto ainda temos o aumento significativo do trabalho remoto, que isola as pessoas do convívio social e força a uma produtividade ainda maior. Todos esses fatores irão impactar diretamente na saúde mental das pessoas com o surgimento de estresse, transtornos de ansiedade, quadros depressivos ou até mesmo dependência química, tanto por drogas lícitas quanto por ilícitas.
Não é preciso fazer nenhuma pesquisa aprofundada para perceber que a grande maioria das pessoas se sentem “comuns” no trabalho, ou seja, absolutamente substituíveis. Portanto, o estresse em relação à motivação, estabilidade, comprometimento e engajamento é constantemente gerado. E como todo esse estresse do trabalho pode afetar a minha saúde mental e, consequentemente, minha vida de forma geral? Em primeiro lugar temos que considerar que o esgotamento profissional é um estado físico, emocional e mental de exaustão extrema, o famoso Burnout. Ele é resultado de acúmulo excessivo em situações do trabalho que são emocionalmente exigentes, estressantes e que demandam de muita competitividade e responsabilidade. Estamos então diante de um quadro de exaustão, pouca identificação com o trabalho e sensação da redução da capacidade profissional. Em outras palavras: se você está se sentindo exausto, menosprezado, incapaz, irritado e odeia o que faz, está na hora de ligar o alerta vermelho e procurar ajuda.
Mas diante da dificuldade ou impossibilidade de mudar de emprego ou profissão entramos num estado de conformismo que pode ser ainda mais prejudicial. Também conhecido como estado de “languidez ou lassidão”, nosso cotidiano será caracterizado por um estado de vazio, falta de ânimo, um estado de espírito cansado diante dos acontecimentos do dia a dia e da vida de forma geral. É um estado de apatia entre a depressão e a ansiedade, uma paralisação que suga as nossas energias. Iremos viver nossa vida em todas as áreas sentindo o esvaimento de nossas forças, muita fadiga, pouco interesse, falta de vitalidade, muito tédio e procrastinação.
O trabalho ocupa a maior parte do nosso dia, senão a totalidade. Se não adotarmos medidas de atenção ao estresse, hábitos mais saudáveis, alimentação correta, momentos de descanso ou relaxamento, dentre outras, entraremos em rota de colisão! Muito importante também buscar algum tipo de terapia, seja com psicólogos ou alguma prática terapêutica com a qual a pessoa se identifique, como ioga, meditação, acupuntura, shiatsu, entre outras.
Trabalho é coisa séria. Mas nossa vida também é! Pense nisso!
Por Saúde Minuto.