Como os idosos podem lidar com o distanciamento

Por Vanessa Rabello

Como tem sido divulgado amplamente, o maior grupo de risco para o novo Coronavírus são os idosos. De acordo com a médica de família da Casa Moara, Clarissa Willets, pessoas com idade acima de 60 anos apresentam maior vulnerabilidade ao desenvolvimento das formas graves da Covid-19, por uma resposta imune menos efetiva e pela menor reserva funcional de órgãos vitais, como, por exemplo, rins e coração, de modo que, quando esses órgãos são afetados pelo vírus, os idosos têm menor capacidade de recuperação.

Mesmo cientes desta maior fragilidade, existem muitos relatos sobre a dificuldade em mantê-los em casa. “A maior preocupação neste sentido são os idosos com distúrbios psiquiátricos comportamentais associados e que possuem mobilidade. Esses irão envolver uma ação em conjunto entre familiares e o profissional médico que acompanha o paciente. Pode existir, neste momento, necessidade de ajuste de medicações como estabilizadores de humor, antipsicóticos, antidepressivos”, complementa o geriatra Vinícius Lisboa, diretor clínico do Hospital de Transição Paulo de Tarso. Ele reforça, porém, que esse processo deve ser realizado exclusivamente com a orientação de um médico.

Neste momento, é importante que os idosos reconheçam a gravidade da pandemia, mas é preciso informá-los focando na importância das medidas comportamentais, sem causar pânico. O cuidado deve ser redobrado entre os filhos que têm pais do grupo de risco, que moram sozinhos. Estes devem monitorá-los à distância. “É muito válido o contato com o médico responsável pelos cuidados quando possível para observação das doenças de base, para se evitar automedicação ou outras medidas comportamentais que possam trazer situação de perigo e acabem por tirar esse idoso do isolamento e exposição a ambientes de risco de maneira desnecessária”, ressalta o médico.

Para Clarissa Willets, uma das formas de se combater um possível caso depressivo em idosos é oferecer ajuda para a realização de tarefas básicas e lazer como, por exemplo, levar compras, revistas e jornais a eles. “A pessoa que oferta a ajuda pode deixar os itens na porta, cumprimentá-lo de longe, demonstrando presença e cuidado. É fundamental que informações claras sobre a pandemia sejam repassadas a eles, para reduzir o medo e a incerteza.” A médica ainda ressalta que “na comunicação virtual, a família pode ser criativa, estimulando interações de qualidade, como fazer contação de histórias e construir jogos com os netos; ou partilhar momentos importantes como o almoço de domingo por vídeo.”

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