Hoje, 5 de novembro, é comemorado o Dia do Cinema Brasileiro. Neste ano, a data celebra 124 anos da primeira exibição cinematográfica pública no país, que aconteceu em 1896. Para alguns, a data “correta” é no dia 19 de junho, em homenagem às primeiras imagens em movimento registradas no país por Afonso Segreto, em 1898.
Ficando de fora dessa discussão, pois acreditamos que o cinema brasileiro deve ser celebrado sempre, separamos 6 filmes – entre clássicos e atuais – que, ao longo do tempo, demonstram a construção da identidade brasileira, além de se tornarem grandes patrimônios históricos, não apenas produções cinematográficas, e reconhecidos mundialmente. Vem conferir:
Vidas Secas (1963)
Direção: Nelson Pereira dos Santos
Baseado no livro homônimo de Graciliano Ramos, o longa conta a história de uma família de retirantes composta por Fabiano, Sinhá Vitória, dois filhos e a cachorra Baleia, que atravessa o sertão de Alagoas em 1941 em busca de melhores condições de vida. Com dificuldades e muito trabalho, a família percebe que, apesar de tudo, a miséria persiste e seca segue prejudicando o sertão. O filme foi indicado pelo British Film Institute como uma das 360 obras fundamentais em uma cinemateca. Em 2015, entrou para a lista da Associação Brasileira de Críticos do Cinema (Abraccine) dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos. Confira um trecho:
São Paulo Sociedade Anônima (1965)
Direção: Luís Sérgio Person
A chegada de indústrias automobilísticas no Brasil no final dos anos 1950 trouxe diversas mudanças para a sociedade. A produção de Luís Sérgio Person retrata o começo do "Brasil Grande", desenvolvimento proposto pelo presidente Juscelino Kubitschek (entre os anos 1957 e 1961), seguindo até a ditadura militar. A trama conta a história de Carlos, trabalhador da classe média paulistana, que ingressa em uma grande empresa mas que, mesmo com um trabalho que lhe paga bem, vive insatisfeito. Sem perspectiva de vida, o personagem resolve fugir. A produção já recebeu diversos prêmios, entre eles o Prêmio Saci de Cinema e Teatro, do jornal O Estado de S. Paulo.
Macunaíma (1969)
Direção: Joaquim Pedro de Andrade
O filme é baseado na obra homônima do modernista Mário de Andrade é mais uma adaptação da rica Literatura Brasileira. A trama acompanha as aventuras e acontecimentos do "herói de nossa gente", Macunaíma. Com muita fantasia e humor, acompanhamos cenas que representam a construção da identidade do país, fazendo, inclusive uma crítica à sociedade dos anos 60. O personagem que sai do sertão de Roraima, se muda para a cidade com os irmãos e se envolve em diversas aventuras, enfrenta vilões e personagens de todos os tipos. Veja abaixo o trailer:
Central do Brasil (1998)
Direção: Walter Salles
A atriz Fernanda Montenegro interpreta Dora neste filme, uma professora aposentada que trabalha como escritora de cartas para pessoas analfabetas na Estação Central do Brasil. Na trama, ela ajuda Josué, um garoto que perdeu a mãe atropelada por um ônibus, a encontrar seu pai no nordeste. O longa teve a sua pré-estreia mundial em uma mostra de cinema na Suíça, em 1998, seguido de uma exibição no Festival Sundance de Cinema, nos Estados Unidos. Com aclamação mundial pela crítica, entrou em diversas publicações de "Melhores do Ano".
Cidade de Deus (2002)
Direção: Fernando Meirelles, Kátia Lund
Inspirado no romance de 1958 de Paulo Lins, a história é narrada por Buscapé, fotógrafo que revela a vida na favela do Rio de Janeiro, entre a década de 60 a 1980. Entre os temas do longa, com atores escolhidos entre moradores de comunidades cariocas, estão as disputas pelo tráfico de drogas e o domínio delas nas favelas, em um ambiente violento. A trama recebeu 4 indicações ao Oscar e chamou muito a atenção da crítica internacional. Na trilha sonora da produção, encontramos músicas de grandes artistas brasileiros, como Raul Seixas, Wilson Simonal, Seu Jorge e Tim Maia.
Que horas ela volta? (2015)
Direção: Anna Muylaert
Regina Casé protagoniza a história vivida por brasileiras que deixam o subúrbio do nordeste para tentar a vida nos centros econômicos do país como empregadas domésticas. Val deixa a filha em Pernambuca e passa mais de dez anos cuidando do filho e da casa de uma família em São Paulo, até que a filha, Jéssica, decide ir à cidade prestar vestibular. A convivência com a garota é complicada, que não aceita a separação de classes (vivendo na casa dos patrões da mãe) e posições impostas no lugar que vive. O longa foi escolhido pelo Ministério da Cultura entre 8 longas brasileiros pra representar o país na disputa pelo Oscar de "Melhor Filme Estrangeiro" em 2016, mas não foi indicado ao prêmio. Após, foi eleito um dos cinco melhores filmes estrangeiros do ano pela National Board of Review (EUA).