Há alguns anos atrás, as companhias circenses eram as únicas a levar entretenimento aos mais diversos cantos e, até hoje, ainda é responsável por proporcionar diversão. Presente no Brasil desde o início do século 19, o circo encanta gerações e consagra nomes da arte nacional, como os palhaços Piolin e Carequinha.
Neste sábado (27), é celebrado o Dia Nacional do Circo, com o objetivo de homenagear os profissionais da área e a todos os que vivem dessa arte, levando alegria aos mais afastados pontos do país. Mas, como todas as outras áreas culturais, essa também sofre com a pandemia de Covid-19, que impossibilita o trabalho dos artistas. O picadeiro circense é palco para equilibristas, mágicos, malabaristas, acrobatas, palhaços e demais profissionais do circo realizarem o seu trabalho. É nesse palco que todos podem desenvolver técnicas das mais diferentes, com ou sem objetos e equipamentos, como fitas, bolas, pernas-de pau, entre outros. Mais que tudo isso, é onde a mágica acontece, encantando famílias com a magia e fantasia do circo.
Marlene Querubin, fundadora do Circo Spacial, de São Paulo, e presidente da União Brasileira dos Circos Itinerantes (UBCI), conta que a sua empresa surgiu através de um sonho do filho, Jacson, que na época tinha 5 anos. "Eu brinco que foi um anjo que mandou esse nome porque somos muito felizes até hoje com o Spacial", conta. Hoje, com 35 anos de estrada, o circo segue com as atividades suspensas, em decorrência da pandemia de Covid-19. “É muito difícil ver um artista ter que parar de ensaiar para ir vender coisas na rua, porque quando voltarem as apresentações, ele pode ter perdido a prática”, desabafa.
Atualmente, o Circo Spacial entra na corrida para a reinvenção com seus mais de 70 funcionários, que vivem da arte. Com um cenário de saúde incerto e sem subsídios, a empresa de Marlene sofre com as consequências da pandemia. “O circo vive, nos últimos anos, exclusivamente da bilheteria. Quando paramos no ano passado, logo em seguida ninguém mais tinha dinheiro. Nós moramos no local de trabalho, então também não temos para onde ir, temos que permanecer nos trens com as famílias. Estamos nessa luta”, fala.
Essa, no entanto, não é a primeira crise e transformação que o circo sofre. Nas últimas três décadas, ele já passou por algumas mudanças, que chegaram a assustar os artistas circenses, que não desconheciam os efeitos que poderiam surgir. "A explosão dos shoppings centers no Brasil até ajudou o circo por um lado, pois a gente montava o picadeiro perto desses locais. Mas também havia o lado competitivo disso. Depois veio a explosão da internet, dos games… e, agora, a pandemia". Em momentos de adequação, a esperança de uma reabertura em breve não deixa de existir, assim como a necessidade da reinvenção. “Vamos sobreviver com tudo isso e vamos achar um caminho para chegar nas famílias, até porque o circo só existe por conta delas”, fala.
Neste Dia do Circo, então, a mensagem que fica é a de esperança. Esperança para que os eventos culturais possam voltar em breve, para que essas famílias que trabalham no circo continuem levando alegria a todos assim que a pandemia passar. “Neste Dia do Circo, minha recomendação é que os pais coloquem imagem de palhaços, brincadeiras e desenhos… isso é muito importante para mexer com esse lado lúdico da fantasia. Não podemos deixar a mágica e a fantasia morrerem”.