Giorgio Moroder… exclusivo!

Para começar a falar sobre o compositor/produtor/DJ Giorgio Moroder, seria mais fácil citar as estrelas que não trabalharam com ele em mais de 40 anos de estúdio – e pistas, claro. Nesta entrevista exclusiva, às vésperas de seu show no Espaço das Américas, dia 3 de junho, o italiano pioneiro da música eletrônica bateu um papo com a Alpha FM direto de Nova York sobre seu novo álbum, Donna Summer, David Bowie e muito mais.

Por Claudio Dirani

ALPHA FM – Esta é sua segunda passagem pelo Brasil, mas será o primeiro show aberto ao público (a primeira visita foi em um workshop para DJs, em 2014). O que os fãs podem esperar de seu set?

Giorgio Moroder – Basicamente, meu show é composto d  e hits que formaram minha carreira. Mas eu dedico um bom espaço para coisas novas, como as músicas que compus, produzi ou gravei com outros artistas: Britney Spears, David Guetta, Avicci, Sia, Kylie Minogue e outros.

ALPHA FM – Por falar em Britney, ela e Kylie Minogue estão em seu mais novo álbum Dejà Vu (2015). Como foi trabalhar com essas estrelas do pop?

Giorgio Moroder – Ah… A música “Tom’s Diner” (de Suzane Vega) eu já gostava há muito tempo e Britney gravou de forma maravilhosa. Já Kylie, o que dizer? Ela nunca deixou de ser fantástica. Canta muito bem, dança muito bem, e está muito bem na faixa “Right Here, Right Now”.

ALPHA FM – O seu novo álbum consegue combinar sons modernos com sua principal característica, que é de sintetizadores mais análogos e com arranjos minimalistas.

Giorgio Moroder – Obrigado. Sim, este foi o objetivo antes de produzir e espero ter conseguido. É uma tarefa difícil agradar os fãs da dance music atual e do passado, principalmente no cenário europeu.

ALPHA FM – Como foi o encontro com Donna Summer na Alemanha nos anos 1970 quando ela ainda atuava em musicais?

Giorgio Moroder – Nos encontramos em Munique, logo no fim da temporada de Hair. Estávamos à procura de cantoras americanas para gravar algumas demos e percebemos que Donna cantava de uma forma maravilhosa. Gravamos “Hostage” (1974) e conseguimos um hit razoável nas paradas da Europa. O grande salto veio no ano seguinte com “Love To Love You Baby” que alavancou sua carreira – e também a minha.

ALPHA FM – Em uma entrevista recente, você disse que seu trabalho com Donna Summer no hit “I Feel Love” (1977) seria seu maior legado porque Donna foi capaz de humanizar a música.

Giorgio Moroder – A coisa mais importante sobre “I Feel Love” é que ela é considerada a percursora da música eletrônica. Donna tinha uma linda voz… quente, romântica, e a sua atitude na gravação – que é cheia de efeitos robotizados – fez dela uma combinação muito interessante e válida até hoje. Acredito que sempre será.

ALPHA FM – Outro trabalho fantástico com Donna Summer é “Hot Stuff” (1979), uma das músicas mais emblemáticas da era disco.

Giorgio Moroder – Me recordo muito bem da sessão, em um estúdio de Los Angeles. Estava com meu baterista e tecladista. Tínhamos acabado de compor a música e logo que gravamos percebi que seria um grande sucesso. Naquela mesma tarde, em uma ou duas horas, tínhamos tudo pronto. Foi muito rápido e objetivo. A combinação das guitarras com a letra, tudo deu muito certo. Acho que esta foi a sessão mais rápida que já fiz.

ALPHA FM – Sua discografia é longa e variada, mas não podemos deixar de comentar sobre algumas trilhas sonoras de grande sucesso como a do filme Gigolô Americano (1980). Como foi trabalhar com Debbie Harry, do Blondie na faixa “Call Me”?

Giorgio Moroder – Ah, foi outra sessão muito eficiente e rápida. Fomos à Nova York gravar. Em duas ou três horas já estava quase tudo pronto. Viajamos para Los Angeles para mixar e fiquei muito satisfeito com o resultado. Os músicos foram muito bons e a música foi um sucesso. Tem aquela levada empolgante do rock (imita o som).

ALPHA FM – Outra trilha de incrível sucesso foi Flashdance, com o single “What a Feeling”.

Giorgio Moroder – Testamos várias cantoras e ficamos muito satisfeitos com Irene Cara, que já tinha brilhado com a faixa-título do filme e série Fama. Mesmo tendo pensado originalmente em Donna Summer, Irene fez um grande trabalho na gravação, que acabou sendo um hit mundial.

ALPHA FM – A faixa “Together In Electric Dreams”, pode dizer, é um “hit perdido” dos anos 80. Como foi gravar esta música para o filme Amores Eletrônicos (1984) com Phil Oakey do Human League? De certa forma, ele antecipa o tema de relacionamentos virtuais. (risos)

Giorgio Moroder – Bem, preciso dizer antes de tudo que adoro o filme. Como você disse, ele tem essa marca de usar o computador e o computador gostar da garota (interpretada por Virginia Madsen). Se você for assistir ao filme de novo, preste atenção: apareço durante exatos 16 segundos no final (risos). Sobre a música, lembro que fomos gravar em Londres e sempre adorei Phil Oakey e o Human League. É provavelmente meu maior hit no Reino Unido! Até hoje as pessoas cantam o refrão quando eu toco nos shows.

ALPHA FM – Como foi trabalhar com alguém como David Bowie?

Giorgio Moroder – F0i incrível. Fui até Montreux, na Suíça, mostrar ao David a demo da música “Cat People (Putting Out Fire”) – do filme A Marca da Pantera – e ele gostou do trabalho. Lembro que jantamos e no dia seguinte, gravamos a faixa com muita eficiência. Ele era muito profissional. Achei isso estranho para uma estrela do rock, porque Bowie acordou cedo e fomos ao estúdio logo depois do café da manhã. Tudo muito rápido. Acho que tudo foi resolvido em 2 ou 3 takes. Ele era David Bowie, tinha toda aquela importência, mas era pessoa muito agradável, muito fácil de lidar.

ALPHA FM – E o que o futuro reserva para Giorgio Moroder?

Giorgio Moroder – Além do show no Brasil, vamos fazer um show em setembro com Kilyie Minogue cantando minhas músicas – tudo acompanhado por uma grande orquestra. Será um show totalmente diferente. Já fizemos uma vez na Austrália e o resultado ficou muito bom. Agora vamos levar esse trabalho para a Itália em setembro.

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