É comemorado, nesta quinta-feira (19), o Dia Mundial da Fotografia, uma das artes mais admiradas em todo o planeta e muito presente no dia a dia de todos. A data 19 de agosto foi escolhida porque marca o surgimento do daguerreótipo e a popularização do seu uso para a criação das primeiras fotografias permanentes da história.
De lá para cá muito mudou na tecnologia mas, até hoje, a fotografia é uma arte extremamente admirada. O Instituto Moreira Salles Paulista está apresentando uma exposição sobre o fotógrafo Mario Cravo Neto, que começou sua trajetória em meados da década de 1960, mas foi a partir da sua estadia de um ano em Nova York entre 1969 e 1970 que seu trabalho adquire de fato potência experimental. "Com a volta ao Brasil no comecinho dos anos 1970, em 1971 ele é convidado para a Bienal de São Paulo onde pôde mostrar suas esculturas e uma instalação já entrando no circuito artístico brasileiro. Depois de 1973, ele é de novo convidado para a Bienal, já mostrando a fotografia e uma série das mais importantes na trajetória dele", conta Luiz Camillo Osorio, curador da mostra “Espíritos sem Nome”, no IMS.
A exposição faz uma retrospectiva, em cerca de 300 imagens, das principais séries produzidas pelo artista, que também era escultor. Em 1975, após sofrer um acidente de carro que o deixou imobilizado por cerca de um ano, a dificuldade e a locomoção comprometida foi o que determinou seu jeito de fotografar. "A fotografia ganha mais protagonismo na vida dele, mas ele já está inserido no circuito artístico, então isso vai dando uma certa disponibilidade para trabalhar a fotografia", conta Luiz.
Até sua morte prematura em 2009, devido a um melanoma, a obra de Mario Cravo Neto explora diversas atmosferas, texturas e temáticas variadas, trazendo o corpo com a cultura popular e a religiosidade afro-brasileira, tendo sido um dos primeiros fotógrafos a entrar no circuito das artes visuais. "O nome 'Espíritos sem Nome' fala mais do espírito da poética dele, que é uma poética tão plural que perpassa tantos momentos com temperaturas poéticas diferentes, a fotografia preto e branco, a fotografia colorida, mais intimista, com a mais expansiva, com a dimensão…", explica.
Para montar a exposição, Osorio chegou a mergulhar nos mais de cem mil negativos da obra de Cravo Neto, além de viajar algumas vezes a Salvador para explorar o arquivo disponível no Instituto Mario Cravo Neto. "Me ambientando nesse universo, a partir daí fomos desenhando um pouco a exposição e o próprio Christian Cravo, filho do artista, também foi um interlocutor nesse processo".
A ideia foi passar pelos principais momentos e obras da vida e trajetória artística do fotógrafo. O que foi atingido com êxito. "A exposição passa pelos principais momentos mas ao mesmo tempo não é exaustiva. Escolhas tiveram de ser feitas, várias muito difíceis, por exemplo deixar de fora trabalhos que você considera do mais alto padrão em qualidade porque, enfim, a composição da sala já estava mais do que completa né? Confesso que fiquei bastante feliz com o resultado da publicação e espero que o público e a crítica estejam gostando".
Mario Cravo Neto: Espíritos sem nome
Quando: Até 26/09
Onde: Instituto Moreira Salles Paulista – Av. Paulista, 2424
Horários: Terça-feira a domingo, das 12h às 18h
Preço: Gratuito – Para visitar a exposição, é preciso agendar previamente via site.