Por Claudio Dirani
A oportunidade de conversar com John Charles Julian Lennon é algo que ninguém pode se dar ao luxo de perder. Por isso e muito mais, a Alpha FM foi entrevistar o fotógrafo/cantor/compositor/filantropo na Leica Gallery, em São Paulo, onde o artista nascido em Liverpool há 54 anos lançou a mostra fotográfica – e o livro – “Cycle”, que segue no mês que vem para Tóquio. Confira nosso bate-papo com Julian que há tempos deixou de ser somente o filho mais velho de John Lennon.
Alpha FM – As imagens expostas em seu site e na galeria Leica da exposição Cycle me passaram sentimentos como a chance de fuga para algum lugar – até mesmo, fora do Planeta. Você também sentiu isso ao fazer as imagens?
Julian Lennon – Essa série de fotografias não nasceu como um objetivo. Elas simplesmente aconteceram quando decidi viajar pelo mundo com a fundação Water (que leva água para pessoas carentes na África). Mas ao fotografar pessoas em lugares como Etiópia, Quênia e países da Ásia isso me provocou sentimentos incríveis. Comecei a receber e-mails de pessoas que não podiam viajar porque estavam de cama, doentes – ou não tinham dinheiro para sair de suas casas – dizendo que eles conseguiam sentir nesses locais. Então, as fotos acabam sendo uma forma para apresentar a essas pessoas que não têm a chance de viajar, diferentes culturas, imagens e paisagens.
Alpha FM – Justamente por isso, talvez elas transmitam esse sentimento de esperança?
Julian Lennon – Isso nunca passou pela minha cabeça, mas talvez demonstre como eles reúnem forças para sobreviver nas circunstâncias em que vivem. Coincidentemente, (aponta para uma imagem na galeria), uma das fotos que mais gosto se chama “Hope” (Esperança) que fiz na Etiópia e gostaria muito de voltar lá após oito anos para ver como a comunidade está hoje.
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Alpha FM – Com tantas fotos em seu site na galeria, imagino a dificuldade em escolher as favoritas. Assim como na música, como funciona o processo de editar o melhor para o público apreciar?
Julian Lennon – Para escolher entre as mais de 5700 imagens que registrei em minhas viagens – principalmente, pelos países localizados ao sul do Mar da China – foram mais de quatro meses. Na verdade, tive apenas de usar minha intuição e coração para selecionar as melhores.
Alpha FM – Outra exposição que está aqui na Leica Gallery é a “Rock N Roll Suite”, onde você destaca o U2. Quais são as memórias dessa primeira incursão no mundo da fotografia (em outubro de 2010, na Morrison Gallery, em Nova York)?
Julian Lennon – Na verdade, a primeira mostra foi “Painterly Clouds”, mas a chance de fotografar o U2 aconteceu no último minuto. Elas são do tipo “Fly on the Wall” (como se o fotógrafo não estivesse no local). São do tipo de imagens que só se consegue fazer uma vez na vida, enquanto eles ensaiavam e compunham músicas para seu próximo álbum (que viria a ser Songs Of Innocence – nota ed.). Na produção dessas fotos, tive o privilégio de passar duas semanas com o U2 e fotografei durante três horas no total.
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Alpha FM – Por falar em U2, não dá para finalizar a entrevista sem falar sobre música. Seu mais recente álbum, “Everything Changes” (de 2011 – relançado em 2013) tem muito a ver com a mostra “Cycle”, por se tratar do ciclo da vida, das transformações. Você disse que hoje em dia é mais fácil lidar com as fotos porque a indústria musical é muito pesada na hora de se lançar um álbum.
Julian Lennon – Na verdade, me sinto muito aliviado e gratificado por ter encontrado a fotografia. Depois de mais de 30 anos sendo crucificado pela imprensa por soar como meu pai, por parecer como meu pai… eu decidi, então, dar um tempo. Na verdade, com meus atuais compromissos com as exposições e com a fundação, simplesmente não tenho tido tempo de compor ou gravar. Mas não se engane. Não desisti ainda da música!
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Julian Lennon: “Cycle” e “Rock and Roll Suite”
Leica Gallery São Paulo
Rua Maranhão, 600
Higienópolis, São Paulo
(11) 3512-3909
até 24/06/2017
Terça a sexta: 11h às 19h. Sábado: 11h às 16h
