“Jurassic World: Recomeço” marca o retorno às origens da franquia?

Lançada em 1993 sob a direção de Steven Spielberg, a franquia Jurassic Park rapidamente se consolidou como um marco do cinema. Combinando aventura, ficção científica e suspense, o longa original revolucionou os efeitos visuais e animatrônicos, ao trazer dinossauros com um realismo impressionante — encantando gerações e quebrando recordes de bilheteria.

O sucesso deu origem a continuações e, décadas depois, à trilogia Jurassic World, que expandiu o universo da série e reimaginou os parques temáticos com uma nova abordagem. Fora das telas, a franquia também se multiplicou em jogos, séries e uma vasta gama de produtos licenciados, tornando-se um verdadeiro fenômeno cultural.

Com o tempo, no entanto, parte da magia original parece ter se diluído em meio às produções mais recentes, que priorizaram uma ação dispersa e incoerente em detrimento da narrativa envolvente dos primeiros filmes.

Procurando revitalizar o universo jurássico, a Universal estreia, no dia 3 de julho, mais uma produção para a franquia: “Jurassic World: Recomeço”. Com um elenco estrelado, efeitos de última geração e um roteiro que flerta com a previsibilidade, o novo capítulo da saga trilha um terreno instável entre agradar fãs de cinema e manter-se fiel a décadas de história nas telonas.

A Alpha conferiu o filme em primeira mão e responde: será que o sétimo título da franquia ainda tem fôlego para conquistar os fãs?

A trama: o que funciona e o que não?

Em “Jurassic World: Recomeço, acompanhamos o paleontologista Dr. Henry Loomis, a ex-agente de operações especiais Zora Bennett e sua equipe em uma expedição a um território isolado de dinossauros, anos após os eventos de “Jurassic World: Domínio. Nesse mundo, o clima tornou-se hostil para essas espécies, agora mantidas em ilhas preservadas. A missão é extrair material genético para o desenvolvimento de um medicamento com grande potencial por parte de uma farmacêutica.

A ilha visitada era um antigo centro de pesquisas abandonado, onde experimentos genéticos deixaram marcas imprevisíveis. O enredo central entrega o necessário para uma aventura envolvente, e o retorno de David Koepp — roteirista dos dois primeiros filmes da franquia — confere ao longa uma bem-vinda sensação de familiaridade. Em parte, aí está o maior triunfo do projeto: trazer a franquia de volta a suas raízes. A aventura no parque dos dinossauros, sucinta e espirituosa.

No entanto, o roteiro é infiltrado por núcleos narrativos, para resgatar elementos do filme original – bem spielbergianos –, que acabam se perdendo em seu contexto geral. Em paralelo à missão científica, o filme apresenta uma nova família — um pai, suas duas filhas e o namorado da mais velha — que, durante uma viagem de veleiro entre ilhas, é surpreendida por um dinossauro aquático e acaba precisando ser resgatada pela equipe de expedição.

Em nenhuma das duas horas e 14 minutos, contudo, a família se faz presente no enredo principal. Assim, o filme se divide em dois eixos centrais, a conexão entre eles é esporádica, e a sensação é de que os caminhos não se cruzam o suficiente, o que dilui parte do envolvimento com a trama.

Estética cinematográfica a serviço da nostalgia e trilha sonora de Desplat

A pedido do diretor Gareth Edwards, responsável por “Rogue One: Uma História Star Wars”, o longa foi filmado analógicamente em 35mm. A direção de fotografia de John Mathieson valoriza cenários naturais amplos, vibrantes e predominantemente gravados na Tailândia. Esses ambientes ganham ainda mais destaque com o uso das câmeras Panavision, cuja estética colabora com a atmosfera nostálgica que “Jurassic World: Recomeço” busca resgatar.

Mesmo com o uso intenso de CGI, os efeitos visuais dialogam bem com a estética analógica. “Eu prefiro começar com uma tela, uma imagem bonita, e pintar por cima disso. Ter o rolo de filme, a textura e o granulado do filme, além dessas lentes anamórficas amplas, distorcidas e realmente belas, tem sido algo maravilhoso. É algo que nos ajuda a integrar os efeitos visuais e as criaturas ao todo”, disse David Vickery, diretor de efeitos visuais do longa.

Como era de se esperar com o maestro à frente do projeto, a trilha sonora de Alexandre Desplat — vencedor do Oscar por “O Grande Hotel Budapeste” e “A Forma da Água” — acompanha o dinamismo do enredo, reforçando suas nuances audiovisuais, apoiando-se em aspectos tradicionais e clássicos, e incorporando oportunamente o tema icônico de John Williams em sua composição original.

Elenco: personagens e performances em destaque

“Jurassic World: Recomeço” reúne um elenco de peso. Scarlett Johansson dá vida à implacável ex-agente Zora Bennett, enquanto Mahershala Ali interpreta Duncan Kincaid, seu aliado de confiança. Juntos, eles têm a missão de proteger o carismático paleontólogo e intelectual interpretado por Jonathan Bailey. Rupert Friend trabalha como o “vilão” do longa, Martin Krebs, dono da companhia farmacêutica, de moralidade dúbia, que precisa de material genético coletado na operação.

As atuações são consistentes e os personagens permanecem coerentes em suas funções narrativas. Eventuais desconexões parecem decorrer mais das escolhas do roteiro do que da performance dos atores. Ali e Bailey se destacam pela naturalidade com que desenvolvem seus papéis, adicionando dinamismo à jornada do grupo.

Assista ao trailer de “Jurassic World: Recomeço”

Leia também: “F1: O Filme” com Brad Pitt é épico, mas retrata bem o universo da Fórmula 1? 

Novos conteúdos

spot_img

RELACIONADOS

Relacionados