Há mais ou menos dez anos, entrevistei Kid Vinil para a Revista da Cultura (editada pela Livraria Cultura) sobre um assunto que ele nunca escondeu ser um “tanto suspeito para comentar”: os eternos discos de vinil, claro. Seu amor mais profundo.
Foi uma conversa muito descontraída e longa, bastante longa. Nosso papo seguiu além da matéria. Lembro que detonamos o estado da música naquele momento. Comentamos sobre o quanto o descaso comercial desvalorizava a arte das capas e do formato dos álbuns, mesmo com o crescimento contínuo no mercado dos LPs.
Confira trecho publicado na revista.
O retorno dos compactos em vinil lançaram outra tendência: a das vitrolas portáteis.
“Na Inglaterra, esse equipamento tem sido procurado cada vez mais pela garotada para ouvir seus disquinhos em qualquer lugar… A arte dos LPs é imbatível. As capas duplas, as ilustrações… é algo que se perdeu nos últimos anos”
Kid Vinil – Revista da Cultura, 2007
Herói do vinil
Kid Vinil também foi um herói de infância. Com seu grupo de rock Magazine divertiu muito a garotada com os hits “Eu Sou Boy” e “Tic Tic Nervoso”. Depois, com a excelente versão de “Comeu”, escrita originalmente por Caetano Veloso e usada na abertura da novela A Gata Comeu.
Falar sobre a fascinação de Kid pelo vinil não pode ser nunca o resumo da vida de nosso amigo Antonio Carlos Senefonte. Embora tenha certeza de que ele não reclamaria esse fator emblemático.
Sua importância para o universo da música é imensurável. Poucas pessoas, aliás, deixam de ligar seu nome à sincera amizade e ao comportamento sempre sereno e ético.
Ética e atitude
Na TV, foi um brilhante apresentador em diversos canais, como MTV e TV Cultura. No mundo do rádio, foram incontáveis trabalhos. O último deles, na nossa irmã 89 – A Rádio Rock. Em 13 de abril passado, Kid apresentou seu último programa, abordando os 40 anos do movimento punk.
Tudo se encaixa, porque Kid era um punk, sempre no bom sentido. No sentido da atitude. Um homem do rádio, da música, sempre com apetite aguçado pelas boas bolachas de vinil.
