Musicoterapia e o poder da música para o bem-estar

A musicoterapia consiste em um conjunto de técnicas baseadas na música, utilizadas para tratamentos de problemas somáticos, psíquicos ou psicossomáticos. Atualmente, a prática vem sendo explorada por uma maior quantidade de pessoas, com finalidade terapêutica e vários benefícios. Segundo a World Federation of Music Therapy (WFMT), ela é definida como a "utilização profissional da música e seus elementos, para a intervenção em ambientes médicos, educacionais e no cotidiano". A formação de um musicoterapeuta inclui teoria musical, canto, percussão, prática em ao menos um instrumento harmônico – piano ou violão – e instrumentos melódicos, como a flauta doce. 

Mirian Steinberg, musicoterapeuta há quase 30 anos, conta que a área, considerada esfera da Medicina, exige pesquisa constante, já que é necessário que o profissional esteja sempre atualizado com novas técnicas. Além disso, a formação do profissional inclui psicologia, filosofia, anatomia, neurologia e outras áreas que fazem parte do estudo do indivíduo e do corpo, que estão em constante evolução.

Um dos maiores mitos da técnica, segundo a profissional, é sobre a “receita musical” eficiente para todos. Nem sempre uma música para funciona igualmente, com o mesmo resultado terapêutico, a pacientes distintos. “Isso envolve uma relação da pesquisa entre a pessoa que está escutando aquela música. Uma canção que pode ‘relaxar’ um, pode irritar outro”, conta. Na musicoterapia, assim como qualquer outra terapia, existe a necessidade na realização da pesquisa sobre o que é melhor para o paciente, tornando único e individual o tratamento. “Essa relação entre o musicoterapeuta e o paciente que faz o tratamento acontecer, assim como na psicologia e uma consulta médica tradicional, que cria, inclusive, um vínculo com quem estamos atendendo”. 

Os benefícios são inúmeros, dependendo da patologia. Com a eficácia comprovada, doenças cardíacas, transtornos neurológicos e autismo são alguns exemplos que podem utilizar o tratamento da musicoterapia. “Vamos supor que há uma pessoa com algum problema de movimentos repetitivos. A partir deste movimento repetitivo, é possível criar, por exemplo, uma célula rítmica e, com isso, todo um contexto de sonoridade e composição musical, baseados neste movimento” explica. Desta forma, é possível tratar a patologia de forma musical, diminuindo, por exemplo, tais movimentos e produzindo um compasso para o problema. “Tratamos com a música uma manifestação que, a princípio é doentia, e passa a ser criativa”. Além disso, o método estimula o potencial criativo e a capacidade comunicativa, mobilizando aspectos psicológicos, biológicos e culturais, o que é chamado de musicoterapia "social" ou "comunitária".

“Para crianças, além das patologias, ela também pode ser usada em casos que há problemas na aprendizagem, falta de concentração e distúrbios de atenção, porque ela traz a atenção da criança à linguagem musical e, na medida em que você está atento, isso se expande para o paciente ficar mais atento às disciplinas pedagógicas”, explica Mirian. 

O musicoterapeuta deve se atentar na escolha da música junto ao paciente, pois ela pode tanto ajudar quanto desencadear reações negativas, prejudicando a evolução do tratamento. Por isso, surge a necessidade da formação específica para o exercício da profissão, para saber escolher a forma ideal de tratamento, de acordo com os objetivos do paciente. “Ela [musicoterapia] vai criar uma possibilidade em você se auto observar, em você fazer uma análise de si mesmo, criar um espaço de conversa musical e também falada, para elaborar os seus processos biográficos, como um trauma, uma dor, crise, perda”.

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