Em 2017, os Titãs comemoram 35 anos de estrada. Apesar da saída de mais um membro fundador (Paulo Miklos), o grupo continua firme e digno, em busca da sobrevivência do rock nacional.
Há 30 anos, porém, a banda colocava nas lojas o vinil Jesus Não tem Dentes no País dos Banguelas. O disco veio com a missão de no mínimo manter o que Cabeça Dinossauro fez: a grande virada na carreira dos Titãs.
“Econômico”
Na edição de 14 de novembro de 1987, o crítico Ademir Assunção escreveu na página 53 sua longa resenha sobre um álbum que manteve o estoque de clássicos iniciados no LP anterior. Entre eles, “Comida”, “Diversão” e “Lugar Nenhum”:
“O disco é sintético, econômico, objetivo sim. Mas tem uma diferença: Titãs atinge na veia as inquietações adolescentes. Quem já viu show deles, sabe o que significa. Pode parecer, hoje em dia, que um LP é sempre mais uma instituição. Mas é ouvido por pessoas…”.
“Nome aos Bois”
Além dos sucessos de Jesus Não tem Dentes…, a faixa “Nome aos Bois”, que fecha o disco, chama atenção por mostrar a banda ligada a um contexto histórico geral do mundo, e não apenas do Brasil.
A composição assinada por Arnaldo Antunes, Tony Bellotto, Nando Reis (vocalista principal) e Marcelo Fromer cita 34 pessoas, entre elas, Adolf Hitler e Josef Mengele, nomes ligados ao nazismo alemão.
Intolerância para a Folha
O então secretário de redação da Folha de S. Paulo, André Singer, escreveu em sua análise sobre o álbum (13/11/1987) que “Se uns reconhecerão a coragem de dar nomes aos bois, outros reconhecerão a listagem de intolerantes de ser também um exercício de intolerância”.
André Singer, além de trabalhar atualmente como cronista no mesmo jornal, chegaria a ser Secretário de Imprensa do Palácio do Planalto (2005-2007) e porta-voz da Presidência da República no primeiro governo Lula, (2003-2007).
Confira na semana que vem uma entrevista especial com os Titãs sobre a nova fase da carreira, 35 anos de estrada e muito mais!