O legado modernista nos dias de hoje

No dia 13 de fevereiro são celebrados 100 anos da Semana de Arte Moderna de 1922. O evento é lembrado como um marco do início do movimento modernista brasileiro, que buscava assumir uma identidade e autenticidade nacional independente dos modelos europeus.

Tereza de Arruda, curadora da exposição “Brasilidade Pós-Modernismo”, em exibição no CCBB-SP – Centro Cultural Banco do Brasil em São Paulo – argumenta que o modernismo foi movimento artístico que tratava de muitas discussões ainda atuais, como a liberdade, a identidade brasileira e a linguagem. Para ela, a importância de revisitar esse momento histórico 100 anos depois é rever tais questões e ponderar sobre seus avanços.

“Era um movimento de elites, os protagonistas pertenciam ao eixo Rio-São Paulo e excluía-se o restante do Brasil. O que se conquista nesse momento é a visibilidade e atuação de artistas brasileiros”, afirma.

O legado do modernismo vai muito além dos quadros de Tarsila do Amaral e Anita Malfatti. Na arquitetura, são inúmeras as construções que rompem com o tradicionalismo estético da época, a exemplo da primeira Casa Modernista brasileira, ainda de pé no bairro Vila Mariana, e o famoso edifício do MASP, na Avenida Paulista.

O modernismo, contudo, não se restringe às artes visuais. Seu impacto na literatura norteou as obras de artistas como Carlos Drummond de Andrade e Clarice Lispector, que escreviam poemas em versos livres e retratavam personagens tendo epifanias em situações corriqueiras. Na música, a antropofagia cultural – isto é, a absorção de inspirações estrangeiras para a criação de produtos culturais nacionais – está presente na Tropicália e na Bossa Nova.

“O samba tem uma existência muito enraizada na brasilidade. Na exposição há uma obra do Ernesto Neto que é um tambor, um elemento cuja simbologia remete a rituais de música, de religião. É a musicalidade fazendo parte do cotidiano”, diz ela. 

As artes visuais e a musicalidade também se encontram na obra de Arnaldo Antunes, um artista que imprime muito do modernismo no seu trabalho. 

“Todo mundo conhece as músicas dele no Tribalistas, nos Titãs, e ele é um artista completo, tanto na musicalidade da sua poesia, quanto no seu trabalho nas artes plásticas. O conjunto de obras dele é baseado na escrita, ele dá forma ao poema dele através da poesia visual”, complementa.

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