Quando pensamos em doação, logo nos vem à cabeça as ações mais comuns no último ano, como doação de alimentos, roupas e sangue. O que muitas pessoas não sabem é que pacientes já infectados pela Covid-19 podem salvar vidas, apenas doando plasma.
Uma pesquisa realizada com esse grupo mostra que, se usado no momento certo, esta forma de tratamento suplementar pode encurtar o tempo de internação hospitalar das pessoas infectadas pela doença. De acordo com dados do Centro Hemepar de Sangue e Hemoterapia do Estado do Paraná, os pacientes que receberam plasmaterapia, em até 5 dias do início dos sintomas, tiveram 30% menos internação do que os pacientes que não receberam esses anticorpos.
O que é o plasma?
Para simplificar, o plasma sanguíneo é a parte líquida do sangue, o que corresponde a mais da metade do volume total do sangue do nosso corpo. Ele apresenta coloração amarelo-palha e é constituído majoritariamente por água (cerca de 90%), além de componentes celulares, como proteínas, fatores de coagulação, sais, hormônios, lipídeos e anticorpos.
Mas qual seria a diferença entre o plasma que é utilizado pelos pesquisadores? Segundo a médica Luisa Braga de Castro, formada pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul, o “comum” é o que não contém os anticorpos específicos para a doença que queremos estudar e tratar, já o plasma convalescente é o que já possui os anticorpos que identificam determinado agente infeccioso, e é este que tem sido estudado para ajudar no tratamento de diversas doenças, como a covid-19.
"Cada doença consegue desencadear uma resposta imune diferente em nosso organismo. Contudo, na maioria das vezes, os anticorpos “guardam” a informação de que aquele agente causa doenças e por isso deve ser destruído, então, a próxima vez que esse vírus entrar em contato com nosso sistema, ele será rapidamente identificado e destruído ou inativado", afirma a profissional.
A especialista ainda explica que, quando o plasma convalescente é colocado no corpo de uma pessoa infectada, mas que ainda não conseguiu combater a doença sozinha, pode auxiliar na resposta imune, favorecer o combate e agilizar a cura.
"É muito importante que a doação seja feita, uma vez que o plasma tem sido estudado como um auxílio para diminuir a mortalidade pela Covid-19, enquanto os organismos dos pacientes infectados desenvolvem seus próprios anticorpos, já que ainda não temos tratamento eficaz cientificamente comprovado. O que se sabe é que ele contribui para acelerar o processo natural do corpo, conforme as diretrizes estabelecidas pela Associação Brasileira de Hematologia e Hemoterapia", reforça Luisa.
Quem pode ajudar?
A doação do plasma só pode ser realizada por pessoas que tiveram contato com o vírus da Covid-19, uma vez que apenas esses pacientes foram capazes de produzir anticorpos contra as partículas do SARS-Cov-2 especificamente.
Sabemos que nesse momento difícil da pandemia, muitas pessoas adorariam ajudar, mas existem algumas regras a serem seguidas, ter testado positivo para a coronavírus; ter entre 18 e 55 anos de idade; pesar mais de 50kg; estar sem sintomas por, pelo menos, 30 dias após recuperação plena da doença; não ter tido nenhuma das seguintes doenças: sífilis, chagas, malária, hepatite B, hepatite C, HIV e vírus HTLV; respeitar o intervalo após vacinação contra Covid-19; estar em boas condições de saúde; não estar em jejum; entre outras.
Vale lembrar que pode haver pequenas variações, conforme a direção de cada local.
Clique aqui para acessar o site do Instituto Butantan.
A médica afirma que não existe risco algum na hora de doar o plasma, desde que o procedimento seja realizado de acordo com as normas técnicas e sanitárias e que o doador siga as recomendações do hemocentro.
Contudo, Luisa alerta: "Apesar de ser um procedimento seguro, devemos ter em mente que ainda não existem estudos que comprovem a eficácia e a segurança do uso desse plasma em pacientes contaminados com o coronavírus, motivo pelo qual ele não está sendo usado rotineiramente no tratamento e manejo dessa doença".
Não tive Covid, mas quero ajudar. O que posso fazer?
Enquanto não existe tratamento preventivo, a profissional reforça que usar a máscara é sempre a melhor proteção: "Até que se encontre o domínio científico desta doença, é dever de todos seguir as medidas de higiene, lavar regularmente as mãos, utilizar álcool 70% nas mãos e nos objetos que temos contato diariamente, evitar tocar o rosto e as mucosas, manter o distanciamento social e usar máscaras que devem ser trocadas trocadas e lavadas de forma adequada e frequentemente".