Decerto, o cinema brasileiro tem obras ricas e de grande importância cultural que, por muitas vezes, foram aclamadas pela crítica internacional e em festivais do mundo todo. No entanto, a cinematografia do nosso país é comumente sub representada em grandes premiações, como no Oscar, por exemplo.
Apenas uma produção em língua portuguesa venceu uma estatueta. Esta é, “Orfeu Negro” de 1959, que venceu na categoria de “Melhor Filme Estrangeiro”. Contudo, o longa adaptado da peça de Vinicius de Moraes, “Orfeu da Conceição”, era representante, não do Brasil, e sim da França, que assassinou a coprodução do filme.
Dessa forma, o país tropical, com toda sua grandiosa história cênica, infelizmente, nunca venceu um Oscar, propriamente dito. Esperamos que, com a aclamação universal que vem recebendo, o longa “Ainda Estou Aqui” represente a chance de uma produção do Brasil levar um Oscar.
Mas, por enquanto relembramos as diversas películas que já nos representaram na maior premiação do cinema. Confira alguns dos filmes brasileiros que brilharam nos prêmios da Academia de Cinema!
O Beijo da Mulher-Aranha (1985) – Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator e Melhor Roteiro Adaptado
Primordialmente, ressalta-se que “O Beijo da Mulher-Aranha” era um filme ‘meio-brasileiro’, e não só representava o Brasil. Isto é, o longa é falado em língua inglesa e foi coproduzido pelos Estados Unidos.
O protagonista norte-americano William Hurt venceu o Oscar na categoria de “Melhor Ator” e a Palma de Ouro do Festival de Cannes. “Saudade, Brasil”, declarou ao discursar na cerimônia de Hollywood. O diretor argentino, naturalizado brasileiro, Hector Babenco, que assinou o longa, concorreu à “Melhor Direção”, e o roteirista americano Leonard Schrader (1943) tentou a estatueta em “Melhor Roteiro Adaptado”, ambos não ganharam suas respectivas categorias.
Central do Brasil (1998) – Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz (Fernanda Montenegro)
Outrossim, como esquecer da participação de Fernanda Montenegro no Oscar? A grande intérprete foi indicada na categoria de Melhor Atriz, por seu desempenho inesquecível como Dora, em “Central do Brasil”. A brasileira, no entanto, acabou não conquistando a honraria, que foi entregue a Gwyneth Paltrow.
Já o longa dirigido por Walter Salles também concorria a Melhor Filme Internacional, categoria que venceu no Globo de Ouro no mesmo ano. Entretanto, a Academia dedicou o prêmio ao italiano, “A Vida É Bela”.
Cidade de Deus (2002) – Melhor Direção, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Edição e Melhor Fotografia
Do mesmo modo, “Cidade de Deus” marcou a cinematografia brasileira, recebendo reconhecimento internacional. O filme, por exemplo, está em #25 na lista dos melhores filmes de todos os tempos do site IMDb.
O filme disputou quatro estatuetas, a maior quantidade dentre todas as produções completamente nacionais que chegaram à premiação. Concorreu em “Melhor Diretor” com Fernando Meirelles, “Melhor Roteiro Adaptado” com Bráulio Mantovani, “Melhor Edição” com Daniel Rezende e “Melhor Fotografia” com César Charlone. Infelizmente, o longa não levou nenhuma delas.
O Menino e o Mundo (2013) – Melhor Animação
“O Menino e o Mundo”, ademais, também brilhou internacionalmente. A animação de Alê Abreu, conquistou o Prêmio Cristal de melhor longa-metragem no 38º Festival de cinema de Annecy – o maior evento de cinema animado do mundo.
Contudo, Abreu não venceu o Oscar que foi indicado na categoria de Melhor Animação, que acabou indo para o gigante da Pixar, “Divertida Mente”.
Democracia em Vertigem (2019) – Melhor Documentário
Por fim, o filme documental de Petra Costa, “Democracia em Vertigem”, também foi concorrente do Brasil nos prêmios da Academia. O longa, que não venceu na categoria de documentários, recebeu aclamação internacional.
O jornal The Guardian, por exemplo, o descreve como um “poderoso documentário que a traça a queda do estado ao populismo e o desgaste do seu tecido democrático.”
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