As mulheres desde a adolescência têm o costume de ir ao ginecologista regularmente, um hábito essencial para a saúde. Porém, a maioria dos homens ignora sua importância. E aí que mora o perigo. Devido a essa preocupação surgiu o Novembro Azul, baseado em um projeto internacional para conscientização do câncer de próstata.
No Brasil transformamos o Novembro Azul em um movimento para a conscientização da saúde masculina. Em entrevista para a Alpha, o Dr. Marcelo Langer Wroclawski, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU-SP) comentou alguns pontos sobre o tema. Confira:
Qual a importância da conscientização masculina para o câncer de próstata?
É muito importante que os homens a partir dos quarenta e cinco anos consultem um urologista anualmente. O câncer de próstata é o tumor sólido mais frequente em homens. Existe uma estimativa que oito por cento de todos os cânceres diagnosticados no homem vão ser cânceres de próstata.
O câncer de próstata é um dos mais agressivos?
Em relação a órgãos sólidos é o primeiro, sendo o segundo se formos levar em consideração os cânceres de pele não melanoma, ou seja, aquelas pintinhas de pele que muitas vezes são de baixa agressividade. Então dos tumores que conhecemos como o câncer de pulmão e câncer de pâncreas, o câncer de próstata é o primeiro em incidência e o segundo em mortalidade, perdendo apenas para o câncer de pulmão.
O câncer de próstata tem cura?
Quanto mais cedo for diagnosticado, maiores as chances de cura. Tumores localizados têm uma chance de cura que gira em torno de noventa por cento. Aposto que se a doença for metafísica, ou seja, aquela doença que saiu da próstata aí a chance de cura diminui e a sobrevida dos vinte e cinco anos é em torno de vinte e cinco por cento. Então veja a diferença, noventa por cento de cura quando a gente diagnostica a doença numa fase bem inicial, restrita à próstata, comparado com uma mortalidade significativamente maior quando essa doença se espalha, quando ela sai da próstata e atinge outros órgãos.
Existem alguns tabus e preconceitos que envolvem o câncer de próstata. Como funciona o diagnóstico?
Para fazer o diagnóstico do câncer de próstata, a gente precisa fazer uma biópsia da próstata, a gente tira fragmentos da próstata e analisa isso no microscópio e aí a gente consegue ver se ali possui o câncer ou não. Mas para indicar essa biópsia, precisamos que um determinado homem possua o tumor. E como temos essa suspeita? Através de dois exames. Um é o exame físico e o outro é o exame laboratorial, o primeiro a fazer é o exame de sangue, pois o tabu não é tão grande, já o segundo é o toque retal. E já vou esclarecer uma dúvida muito comum. Se eu fizer o PSA (exame de sangue) eu não preciso fazer o de toque? E a resposta é não. Esses exames eles se complementam. Eles não se sobrepõem. Os dois exames dão informações que se complementam.
Qual a importância da conscientização do novembro azul?
O recado que eu deixo para todos os homens é que todo mundo precisa se cuidar. O fato de não estar sentindo absolutamente nada não significa que está tudo bem. Então é muito importante que todo homem a partir dos cinquenta anos ou de algum grupo de risco, consulte o seu urologista. Muitas vezes o homem com quarenta e cinco, com cinquenta anos, nunca foi no cardiologista, nunca foi no clínico geral, nunca foi no endocrinologista. E a gente acaba diagnosticando no consultório urológico um homem que vem pra ouvir uma opinião sobre a próstata e sai diagnosticado com diabetes ou pressão alta. Então aquela frase, quem procura acha, não é uma frase totalmente correta, porque a resposta certa seria: quem procura acha, enquanto dá tempo de tratar. Ela se se encaixa muito bem no novembro azul, neste mês de conscientização da saúde masculina. Então, homens, venham ao consultório do urologista.
Entrevista realizada em parceria com Saúde Minuto.
