“São Paulo representa sonhos, desafios e um lar”, diz artista angolano

“Quando eu cheguei ao Brasil, o curso do meu trabalho mudou”. É assim que o artista Paulo Chavonga define sua carreira. Nascido em Angola, começou a desenhar cedo, encontrando conforto na pintura. Ao ter seu trabalho reconhecido pela mídia, pesquisou mais sobre as possibilidades e tomou a decisão de vir para São Paulo. Apesar das dificuldades, os resultados apareceram, até que abriu seu próprio Ateliê no bairro de Anália Franco, na Zona Leste, onde passa a maior parte do tempo.

Atualmente, Chavonga está com uma exposição em cartaz até o dia 30 de janeiro no Museu da Imigração, chamada “Rostos invisíveis da imigração no Brasil”. Com três grandes telas, depoimentos e registros do processo de criação, a mostra fala sobre o racismo e a situação dos imigrantes africanos em São Paulo.

“A proporção das obras, a expressão das pessoas, de mistério, descontentamento, são propositais. Reflete essa nova imigração contemporânea e abre portas para o diálogo. Antes eu pintava sobre o cotidiano do meu país. Aqui surgiu a necessidade de poder contribuir com a luta do movimento negro no Brasil, trazer narrativas africanas contadas por uma pessoa africana”, relata.

Outros projetos

Além de pintar telas, Paulo é muralista, integrante do Movimento Hip Hop. “As pessoas que têm acesso às minhas obras não são muitas vezes as mesmas pessoas com as quais eu quero dialogar. Daí a necessidade de ir para as ruas”.

Kobra e Os Gêmeos, artistas paulistanos, o inspiraram a trabalhar nessa área, como explica, “eu via muito os trabalhos deles pela internet. A forma que eles democratizaram a arte de rua, trazendo cor e conceito me chamou a atenção”.

Paulo ainda é coordenador do Conexão Angola Brasil, criado com intuito de mandar projetos de artistas imigrantes para editais. No momento, o coletivo possui angolanos, congoleses e senegaleses.

Cultura Angolana

No Brasil há cinco anos, Paulo continua ligado à cultura angolana. "A minha esposa, que é brasileira, tem interesse na minha cultura, fazendo comidas angolanas. Fiz um intercâmbio Brasil- Angola até dentro de casa”. Mufete, Kizaka e Charuto, um bolinho frito com coco ralado por cima, são alguns de seus pratos favoritos. 

Cantores de seu país de origem, como Prodígio e NGA, também têm grande importância em sua vida. "Na Angola, o rap underground traz questionamentos sobre a política. Já a nova escola do rap fala de superação. Como eu nasci num bairro muito pobre, o rap me salvou e ajudou, porque me fez olhar a arte como uma maneira de poder ser alguém”.

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