O Best of Blues and Rock 2024 aconteceu no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, no último sábado (22). Zakk Sabbath, Joe Bonamassa, Eric Gales, CPM 22 e Di Ferrero compuseram o line-up de peso da capital paulista. Para além dos shows, uma coletiva de imprensa com todos os músicos ocorreu entre as apresentações.
Sobretudo, o clima foi divertido. Cada um dos artistas trocou cumprimentos, abraços e risadas. Joe e Zakk, por exemplo, divertiram-se com as placas que continham seus nomes, enquanto, ao mesmo tempo, compartilhavam piadas.
Confira os destaques abaixo:
Como é estar no Brasil, segundo Eric Gales
Eric, extremamente carismático e sorridente, deixou claro que adora o Brasil. Poucos minutos antes de subir ao palco, explicou aos jornalistas a relação de carinho que tem com o país:
“Já estive no Brasil três ou quatro vezes, em muitos lugares diferentes. E sempre foi o melhor momento, a melhor comida, as melhores pessoas, o melhor público, os melhores shows, tudo. Tem sido incrível.”
Também pontuou que, independente do lugar onde toca, consegue sentir a conexão do público com o blues:
“Acho que o blues é muito contagiante em qualquer lugar do mundo. Acho que uma vez tocado, ouvido e recebido, o sentimento é muito mútuo. Quero dizer, seja no Brasil, na China ou na África, em Memphis, no Tennessee, Los Angeles, Nashville em qualquer lugar e essa é uma coisa pela qual tenho muita, muita sorte.”
A opinião de Joe Bonamassa sobre o país
Já Joe, que bebia uma coca-cola e vestia roupas mais despojadas em vez dos tradicionais ternos, brincou em tom bem-humorado sobre os “come to Brazil” que recebe nas redes sociais:
“Estou olhando por aqui e vemos muitas camisetas do Iron Maiden e do Fugazi. Vemos muito rock’n’roll pesado e não venho aqui há 11 anos. Não havia muito reconhecimento 11 anos atrás, mas por causa das redes sociais, não importa, coloque uma foto de um carro e haverá alguém entrando na conversa dizendo ‘venha para o Brasil’. Então eu tenho duas perguntas: é a mesma pessoa com dez contas diferentes fazendo isso? Ou existe um público real?.”
Em seguida, complementou a resposta do colega a respeito da relação dos fãs com a música:
“Eric e eu nos conhecemos há mais de 30 anos. Somos amigos desde que éramos adolescentes. Ele cresceu em Memphis, Tennesse. Eu cresci no interior do estado de Nova York. Nós dois gostamos de Stevie Ray Vaughan, de Jimi Hendrix, de Eric Johnson. Nós dois gostamos do clássico blues americano. O fato de nós dois termos começado a tocar guitarra no mesmo ano e trazido essa música para o Brasil…o fato de haver um público para essa música é muito especial.”
Por fim, o artista, em outro tópico, mencionou sua numerosa coleção de mais de 500 guitarras como “um hobby” e um “vício saudável”. Também afirmou que o show do CPM 22 “soou ótimo”.
O encontro de Eric Gales com Steve Ray Vaughn
Antes de deixar a coletiva mais cedo para iniciar sua performance, Eric relembrou o impactante encontro que teve com o lendário guitarrista Steve Ray Vaughn na adolescência. Segundo o próprio relato, a experiência ao lado do ídolo não poderia ter sido melhor:
“Quando eu tinha uns 15, 16 anos, tive a oportunidade de conhecer Steve Ray Vaughn e foi uma loucura. Eu estava fazendo demos para meu primeiro disco e ele e seu irmão estavam na outra sala. Eu ouvi uma guitarra com um som incrivelmente alto e lindo e reconheci o tom. Então eu fui até lá e me apresentei. Disse a ele meu nome e ele respondeu que eu não precisava: ‘eu sei quem você é, a indústria tem comentado e você me surpreendeu.’ E nós sentamos e tocamos dois violões. Apenas conversamos e nos conhecemos. Antes de eu sair, perguntei a ele se poderia pegar seu autógrafo ele disse que só se pudesse pegar o meu primeiro.”
A sensação de abrir o festival, de acordo com Di Ferrero e Badauí
Di Ferrero ficou com a missão de abrir o festival. Apesar do público ser diferente das plateias emo que o frontman do NX Zero está habituado, o saldo acabou positivo, nas palavras do cantor:
“Realmente é um público diferente. Mas eu senti a galera junto comigo o tempo inteiro. Foi no começo, fiquei feliz que muita gente chegou cedo para ver o meu show. Toquei várias coisas do NX, toquei umas coisas minhas também, então eu me surpreendi para ser sincero. A gente não sabe muito o que esperar. Eu sou fã dos caras, do Zakk, vou ficar aqui para assistir ao show. Mas realmente eu não sabia muito que o esperar e me surpreendeu, fiquei feliz com a recepção da galera.”
Por sua vez, Baudaí, vocalista do CPM 22, respondeu:
“Para mim é uma honra estar do lado dos caras. Eu já vi o Zakk Wylde tocando com o Ozzy, foi espetacular. Somos uma banda experiente, mas mesmo estando na nossa cidade, no nosso país, tocar com os caras num evento desse porte só engrandece o nosso currículo. Espero que todo mundo tenha gostado, porque também é um público muito variado e agradar um público tão variado e tão crítico é muito difícil. A gente vem do hardcore, do punk rock, um som às vezes muito marginalizado, dizem que é meio tosco [risos]. Mas espero que a gente tenha desempenhado bem, pelo jeito a galera estava curtindo, pela vibe que senti. Já era para ter tocado no ano passado, mas a gente não tinha a data na época e hoje estamos aqui, com meu irmãozinho Di e com essas feras.”
A opinião de Zakk Wylde sobre os guitarristas atuais
Zakk Wylde pontuou que não tem qualquer tipo de problema com guitarristas que estão surgindo agora e emergindo nas redes sociais. Para o líder do Zakk Sabbath, é “incrível” que esse movimento esteja acontecendo:
“Acho que as coisas de agora são incríveis. Sinto que todos os jovens mais novos que você vê no Instagram obviamente dedicam tempo à guitarra e adoram o instrumento. Então, no fim do dia, isso é tudo que importa. Eu acho que é ótimo que as coisas evoluam e mudem. Os jovens de hoje têm seu próprio Led Zeppelin, seu próprio Jimi Hendrix, todos os caras que eles amam, é quem eles amam. Eu acho ótimo. Isso não me incomoda nem um pouco.”