Em um cenário corporativo cada vez mais focado nas métricas de ESG (Ambiental, Social e Governança), o pilar “S” — Social — exige um olhar mais profundo, especialmente em relação ao impacto humano e à ajuda humanitária global. É nesse contexto que se insere a história de Natália Vizza, idealizadora do agora Instituto “Projeto Eu Ajudo”, cuja trajetória de nove anos demonstra como a mobilização individual pode se transformar em um motor poderoso de mudança social e a entrevistada desta semana no Alpha Transforma com Marcus Nakagawa.
A transição de um projeto pessoal para uma Instituição de Terceiro Setor não é apenas uma formalidade, mas um passo fundamental para atender às exigências de Governança (o “G” do ESG). Segundo Natália, essa formalização, com a obtenção do CNPJ, impacta diretamente a capacidade de atração de parceiros:
Em nove anos de atuação, o projeto já realizou mais de 100 ações no Brasil e impactou mais de 30 mil famílias, números que atestam a escala e a seriedade da iniciativa.
A Urgência do Social: De Moçambique ao Malawi
A missão do Instituto se estende para além das fronteiras brasileiras, com um foco particular nos países mais pobres da África. Após uma primeira viagem a Moçambique, a próxima missão é para o Malawi, o quarto país mais pobre do continente, onde o foco é atuar em um campo de refugiados que hoje abriga 59 mil pessoas.
Nesse campo, a ajuda humanitária se tornou uma questão de sobrevivência após o corte de auxílio de custo. O que Natália e seus parceiros buscam não é apenas a doação de dinheiro, mas a dignidade do trabalho, uma solução que se alinha perfeitamente com os princípios de desenvolvimento social sustentável.
O trabalho de base e o foco em necessidades essenciais — como o envio de 80 a 100 malas de remédios, em uma caravana de 40 médicos — reforça o papel crítico dessas ONGs na mitigação de riscos sociais e de saúde globais, uma responsabilidade que, na ausência de ação governamental, recai sobre a sociedade civil e, cada vez mais, sobre as empresas via ESG.
Um dos maiores desafios para a expansão da ajuda humanitária, conforme Natália, é a mobilização de pessoas e a conexão com o setor corporativo. Ela aponta para uma falha no pilar da Governança das grandes instituições quando se trata de responsabilidade social.
Para a idealizadora, a chave para superar a desconfiança e acelerar a captação de recursos é a transparência — um princípio de Governança. No entanto, o fator humano, o pilar Social, é o grande catalisador:
O resultado desse esforço, muitas vezes em prol de itens que consideramos triviais, é transformador. É o ato de mostrar que a doação está sendo destinada corretamente que constrói a credibilidade.
Segundo Natália, sua história e do “Projeto Eu Ajudo” é um chamado direto para que as corporações repensem a eficiência e a agilidade de suas políticas de Responsabilidade Social Corporativa. O “S” do ESG não se trata apenas de cumprir cotas ou fazer doações pontuais, mas de ter processos de Governança ágeis e conectados com a urgência dos problemas sociais.
Ao simplificar a burocracia e ao abraçar iniciativas transparentes e focadas na dignidade humana, as empresas podem amplificar seu impacto social e, ao mesmo tempo, fortalecer a confiança e a legitimidade de suas próprias agendas ESG. Afinal, como Natália Vizza demonstra em sua jornada entre o Brasil e a África.
Quer mais detalhes sobre a ação do projeto? Assista à entrevista abaixo:
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