Alice Munro (1931-2024): como a Nobel de Literatura aprendeu a contar histórias?

A escritora canadense Alice Munro, vencedora do prêmio Nobel de Literatura, morreu nesta segunda-feira (14) em uma casa de repouso em Ontário, no Canadá. Ela tinha 92 anos e lidava com quadro de demência há mais de uma década.

Munro foi uma das maiores contistas da literatura mundial. Certa vez, ela relatou que embarcou no gênero, porque disse que não tinha tempo ou talento para romances. Mas acabou por fazer contos densos que renderam comparações ao russo Anton Tchekhov (1860-1904).

A autora dedicou 60 anos à literatura e seus livros foram traduzidos para mais de dez idiomas. Entre as principais obras, estão “Fugitiva” (2004), “Felicidade demais” (2010), “Vida Querida” (2012) e “O amor de uma boa mulher” (2013).

Depois de ganhar vários prêmios ao longo da carreira, Alice Munro recebeu a láurea do Nobel em 2013. Foi a primeira vez que a Academia Sueca agraciou um especialista em contos. Naquele ano, em entrevista à organização do Nobel, ela revelou como se interessou por livros e como começou a escrever.

Como se interessou pela leitura?

“Me interessei pela leitura muito cedo, porque me leram uma história, de Hans Christian Andersen, que era ‘A Pequena Sereia’, e não sei se vocês se lembram de ‘A Pequena Sereia’, mas é terrivelmente triste. A pequena sereia se apaixona por esse príncipe, mas não pode se casar com ele, pois é uma sereia. E é tão triste que não posso contar os detalhes. Mas de qualquer forma, assim que terminei essa história saí e andei dando voltas pela casa onde morávamos, na casa de tijolos, e inventei uma história com final feliz, porque pensei que era por causa da pequeno sereia (…)”.

Como você aprendeu a contar uma história e a escrevê-la?

“Eu inventava histórias o tempo todo, fazia uma longa caminhada até a escola e durante essa caminhada geralmente inventava histórias. À medida que fui crescendo, as histórias seriam cada vez mais sobre mim, como uma heroína em uma situação ou outra, e não me incomodava que as histórias não fossem publicadas para o mundo imediatamente, e não sei se eu ao menos pensasse que outras pessoas os conhecessem ou os lessem. Era sobre a história em si, geralmente uma história muito satisfatória do meu ponto de vista, com a ideia geral da bravura da pequena sereia, de que ela era inteligente, de que em geral era capaz de fazer um mundo melhor, porque ela pularia lá, e tem poderes mágicos e coisas assim”.

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