Muito se fala sobre ansiedade e este tema aumentou a frequência das buscas na internet . Neste artigo, pretendo te ajudar a entender o que é a ansiedade, quando ela pode virar um problema e o que fazer para prevenir ou tratar um transtorno.
A ansiedade é uma emoção que faz parte de todo o ser humano. Diante de desafios ou antes de algo significativo é natural que surja certa ansiedade e ela nos ajuda a ficarmos atentos, conscientes e nos prepararmos para o que está por vir.
Nós podemos sentir ansiedade em situações diversas, como antes de uma reunião ou de uma apresentação importante no trabalho, quando temos um problema de saúde, antes do nascimento de um filho, antes de uma viagem diferente ou quando passamos por algo difícil e imprevisível como é a pandemia atual do novo coronavírus. Mas, embora a ansiedade seja uma emoção natural como o medo, a alegria ou a raiva, não é normal sentir ansiedade quase o tempo todo ou diante de situações pequenas.
Quando a ansiedade é desproporcional em relação ao estímulo, gera desconforto emocional e físico, interfere na qualidade de vida ou afeta o desempenho nas nossas atividades, algo pode estar errado.
Os transtornos de ansiedade são mais comuns do que a gente imagina. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o país com o maior número de pessoas ansiosas no mundo, 9,3% das pessoas sofrem com esse problema.
De acordo com o Manual de Classificação de Doenças Mentais (DSM-5), os Transtornos de Ansiedade são um grupo de distúrbios que compartilham as características de medo e ansiedade excessiva. Existem vários tipos de transtornos ansiosos, como o transtorno do Pânico e Fobias e o mais comum é o Transtorno de Ansiedade Generalizada.
O que é o Transtorno de Ansiedade Generalizada?
Esta doença se caracteriza por uma persistente e excessiva ansiedade ou preocupação que pode ser acompanhada de outros sintomas como inquietação, nervosismo, medos frequentes, sensação de que algo ruim vai acontecer, dificuldade de concentração, insegurança para tomar decisões, tensão muscular, insônia, pressão ou aperto no peito, coração acelerado ou taquicardia, falta de ar e cansaço.
A ansiedade elevada faz a pessoa construir na sua mente situações futuras com um viés negativo e pessimista e que quase nunca acontecem. Meus clientes afirmam que mais de 99,9% dos cenários imaginados não se realizam. Apesar disso, a mente não para. São os “e se…“ da vida: “e se eu gaguejar na reunião?”, “e se eu perder meu emprego?”, “e se o avião cair?”. Esses pensamentos invadem a mente sem pedir licença e na maior parte das vezes a pessoa tem dificuldades para identificar ou interromper o seu fluxo.
Se você se identificou com estes sintomas, é importante agendar uma consulta com um psicólogo ou psiquiatra para realizar uma avaliação. Quanto mais cedo você buscar ajuda, melhor. Não tenha receio ou preconceito, qualquer pessoa pode passar por isso.
Tratamento e estratégias de enfrentamento
O tratamento para a ansiedade depende do quadro e da intensidade, mas geralmente combina psicoterapia e medicamentos. Mesmo que não haja um transtorno instalado, a psicoterapia pode ser muito valiosa e ajudar a pessoa a compreender as causas da ansiedade, ampliar o autoconhecimento e desenvolver formas efetivas de lidar com os problemas, com a própria ansiedade e o estresse.
Algumas estratégias ajudam a manter a ansiedade sob controle:
· Respirar de forma consciente, profunda e lenta é um forte aliado nessa missão, pois esse tipo de respiração diminui a tensão física e emocional e desacelera o corpo e a mente. Inspire pelo nariz e solte o ar lentamente pela boca;
· As práticas de Mindfulness são excelentes, pois ajudam a identificar os processos internos e a nos mantermos no momento presente;
· Quando perceber que a ansiedade está se elevando, traga a sua atenção para o aqui e agora: observe à sua volta, conte quantos objetos verdes ou amarelos existem ao seu redor, perceba os barulhos do ambiente, sinta o contato dos pés com o chão;
· Fazer exercícios físicos como caminhada, ioga, dança ou outro de sua preferência é fundamental;
· Tenha uma alimentação saudável e equilibrada, evitando álcool e cafeína;
· Procure cultivar boas relações com as pessoas e buscar apoio sempre que necessário;
· Reserve tempo para o lazer ou atividades prazerosas sempre que possível;
· Cuidado para não buscar alívio na comida, álcool ou outras drogas. Além de não resolver o problema, pode trazer outros!;
· Por fim, não queira ter controle sobre tudo! Seja mais gentil com você mesmo e se cobre menos, valorizando as suas conquistas, forças e recursos.
Texto por Rosalina Moura | Psicóloga