Sesc 24 de Maio recebe oficina de cartas para dialogar com a rua

Num momento em que a sensação de insegurança faz várias pessoas “apertarem” o passo ao andar pelo Centro de São Paulo, o Sesc 24 de Maio lançou nesta sexta-feira (15) uma iniciativa para conversar com o entorno da unidade.

A oficina “Amor correSPondido” usa um metódo de comunicação praticamente em desuso – até visto como romântico hoje –, mas que, assim como outros, é capaz de colocar pessoas em contato: a carta.

Às sexta-feiras, das 14h às 17h, redatores de cartas ficarão na entrada do Sesc (Rua Dom José de Barros, na República) à espera de histórias. A unidade, aliás, garante o envio gratuito das correspondências aos destinatários pelos Correios.

A ação segue até 7 de junho e integra a programação especial “Direitos Humanos para Todas as Pessoas: da palavra ao movimento”. Para Mônica Ramos, supervisora de programação do Socioeducativo do Sesc 24 de Maio, “a carta é uma ferramenta de diálogo com o território”.

“O projeto foi pensado, especialmente, como forma de mediação e acesso cultural às pessoas que atualmente dormem e habitam a marquise”, explicou à Alpha FM. A oficina propõe o contato com pessoas em situação de rua, transeuntes e trabalhadores do Centro.

Ideias e inspirações da oficina

A ideia, em si, veio da poeta, artista visual e educadora Carmen Garcia. “Juntei as três áreas para pensar esse projeto”, comentou. Segundo ela, o projeto de escrita de carta surgiu, quando o Museu da Língua Portuguesa a convidou, em 2023, para desenvolver uma iniciativa para o Festival Pop Rua.

Outra que participou da concepção foi a psicóloga e psicanalista Camila Ribeiro. Camila, por sua vez, diz que a carta é um recurso especial, principalmente, para quem está em situação de vulnerabilidade: “a carta é como um objeto que faz lembrar da saudade, vínculos, brigas. Nisso, já é um movimento para as pessoas de maior vulnerabilidade que têm na sua biografia muitas marcas de ruptura.”

Uma das inspirações para “Amor correSPondido” foi uma icônica cena do filme Central do Brasil (1998), considerado um dos melhores da história do cinema nacional. Interpretando a personagem Dora, a atriz Fernanda Montenegro escreve cartas para quem passa pela conhecida estação de trens no Centro do Rio de Janeiro.

A atuação de Montenegro no longa-metragem de Walter Salles rendeu uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz em 1999. A estatueta ficou com Judi Dench pelo papel de Rainha Elizabeth em Shakespeare Apaixonado (1998).

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