O setor da economia criativa no Brasil encerrou o ano de 2023 com saldo positivo nas contratações e recorde no número de trabalhadores ativos. A área é diversa e engloba desde segmentos da cultura, como cinema e museu, até desenvolvimento de jogos e design.
De acordo com o Observatório da Fundação Itaú, são mais de 7,7 milhões de trabalhadores, maior número da série histórica iniciada em 2012. A expansão foi de 4% em relação a 2022, o que representou a geração de 287 mil vagas.
Em entrevista à Alpha FM, o superintendente do Itaú Cultural, Jader Rosa, afirmou que os dados apontam para uma recuperação após a pandemia de covid-19. “A gente percebe que a pandemia tem uma cauda longa e nessa cauda longa tem um processo de revitalização do setor. É a primeira vez na série histórica que a gente tem 7,7 milhões de trabalhadores. Isso mostra para a gente que, sim, temos uma retomada”, disse.
O superintendente do Itaú Cultural cita pelo menos dois fatores para o avanço: o consumo de atividades culturais e as leis de incentivo. “Os brasileiros voltaram a ter uma participação mais efetiva nas atividades culturais e artísticas, isso desde festivais de música, mostras, feiras populares. O movimento do governo federal, no ano passado, com as leis de incentivo, “Paulo Gustavo” (R$ 3,8 bilhões), “Aldir Blanc” (R$ 15 bilhões até 2027), e outras ações de fomento ajudou também a descentralizar o recurso e mobilizar alguns setores”, completou.
Em termos de emprego, os maiores avanços foram nas áreas de design (29%), música (24%) e desenvolvimento de software e jogos digitais (18%). Esta última, assim como a de tecnologia da informação para o campo criativo, sofre impacto direto do processo de digitalização nas empresas. O design, por sua vez, atua de maneira transversal em vários ramos.
Informalidade e desigualdade salarial são desafios
O índice de informalidade na economia criativa (37%) é levemente inferior ao da economia geral (39%), segundo os dados do quarto trimestre de 2023. Os empregos sem carteira assinada concentram-se nas artes cênicas, música e literatura, onde justamente está a metade dos trabalhadores pretos e pardos, de menores salários.
A desigualdade é alarmante. O rendimento médio geral é de R$ 4,5 mil, mas homens brancos ganham R$ 5,6 mil, enquanto os pretos e pardos levam R$ 3,6 mil e R$ 3,9 mil respectivamente. Já as mulheres brancas recebiam, em média, R$ 3,9 mil, enquanto as trabalhadoras pardas e pretas auferiam R$ 2,2 mil.
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