Karaokê: a tradição musical do Japão que conquistou São Paulo

A imigração japonesa teve um enorme impacto no desenvolvimento da cidade de São Paulo e uma de suas heranças culturais é o karaokê. Espalhados por toda a cidade, qualquer um pode ser cantor por um dia, dividir o microfone e bons momentos com pessoas queridas. 

No bairro da Liberdade, berço da cultura japonesa na capital, se encontra o restaurante e karaokê Samurai. Mônica Uezono é a dona do estabelecimento, fundado em 1969 por seus pais apenas como restaurante, foi um dos pioneiros com esse tipo de programação na cidade.

O karaokê começou a funcionar em 1999, quando os clientes escutavam o videokê da família funcionando no andar superior e pediam para conferir a música. Embora a abertura desse espaço tenha sido uma demanda dos clientes, a atração de público não foi imediata. Segundo ela, o karaokê ainda não era muito comum por aqui e poucas pessoas iam lá para cantar.

Uezono, que é da terceira geração de duas famílias imigrantes, explica que se reconectou à cultura japonesa quando teve a oportunidade de estudar em Kagoshima, província em que morava sua família antes de se mudarem ao Brasil. 

“É uma imersão na sua própria essência, que você nem conhecia. Muitas coisas são herdadas e parecem sem explicação, então quando você volta às origens, muita coisa ganha significado”, diz ela.

Depois dessa experiência, ela assumiu o restaurante da família e se comprometeu a manter vivas as tradições nipônicas por aqui, acolhendo o povo japonês e ensinando aos brasileiros como se sentar no tatame, tomar o chá e usar o hashi, por exemplo. Dentre as diferenças que Uezono nota entre brasileiros e japoneses no karaokê, ela pontua o comportamento. 

“Dentro da nossa comunidade, gostamos do karaokê para ouvir o outro, cantar junto ou ainda dançar um pouco. Os brasileiros gostam mais de cantar, vão várias vezes e, geralmente, é mais de uma pessoa por música”, aponta.

Hoje em dia, eles mantêm três máquinas de karaokê, com músicas japonesas, nacionais, internacionais e, mais recentemente, também coreanas, a pedido da clientela. Além das datas comemorativas que celebram tradições nipônicas, o estabelecimento oferece, desde o ano passado, uma tarde de karaokê só para a comunidade japonesa, às quartas-feiras. O intuito é justamente fortalecer o legado do karaokê japonês com a comunidade local.

Alguns brasileiros, entretanto, ainda acompanham bem a tradição. Ela conta que, nos dias de karaokê japonês, vê muitos clientes brasileiros cantando músicas do Japão, geralmente famosas em animes. 

“Principalmente no Halloween, os clientes vêm fantasiados como personagens de animes e cantam músicas em japonês totalmente decoradas. Também pedem comidas típicas que só japoneses pediriam e eu acho muito boa essa continuidade que se dá à nossa cultura”, comenta ela.

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