O Allianz Parque recebeu o último show do ano da turnê “Bloco na Rua”, de Ney Matogrosso na noite do último domingo (21). Aos 84 anos, o cantor e compositor demonstrou força e dominância ao interpretar 23 canções em pouco mais de 1h40, sem grandes intervalos, fazendo as lotadas arquibancadas e pistas da arena vibrarem. Em seu repertório, o veterano trouxe clássicos dos Secos & Molhados, banda da qual fez parte entre 1973 e 1974, além de sucessos de sua carreira solo e grandes êxitos da MPB.
Abrindo a apresentação, ele cantou a plenos pulmões a marchinha “Eu Quero é Botar Meu Bloco na Rua”, do capixaba Sérgio Sampaio, que dá título ao álbum homônimo à série de shows, lançado em 2019. Das vinte músicas presentes no disco produzido por Sacha Amback, apenas sete ficaram de fora para deixar espaço a outras canções.
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Na sequência, Ney fluiu entre releituras marcantes como “Jardins da Babilônia”, de Rita Lee, e “O Beco”, dos Paralamas do Sucesso, conduzindo cada canção com força e delicadeza. Contrariando a letra escrita pela padroeira de Sampa em colaboração com Lee Marcucci, “minha saúde não é de ferro, não”, o cantor demonstrou estar em ótima forma ao bailar, rebolar e percorrer todo o palco durante a apresentação.
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O repertório ampliou sua gama afetiva com músicas como “Já Sei”, de Itamar Assumpção, “A Maçã”, de Raul Seixas, e “Tua Cantiga”, de Chico Buarque. A seguir, “Pavão Mysteriozo”, de Ednardo, famoso tema da vinheta de abertura da novela “Saramandaia” (1976), foi evocada.
Um dos destaques da noite ficou por conta de “Yolanda”, de Pablo Milanés, com versão em português de Chico Buarque. Durante a execução da faixa, Ney interagiu sutilmente com o icônico figurino brilhante assinado por Marcos Paulo, deixando seu peito exposto para reforçar o caráter dramático da canção. Ao longo da interpretação, a plateia acompanhou Matogrosso e sua banda em um grande coro.
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Depois, a apresentação seguiu com um forte caráter dramático nas performances de “Postal de Amor”, lançada originalmente em colaboração com Fagner, e “Estranha Toada”, composição de Martins e PC Silva presente no álbum “Nu com a Minha Música” (2021). Em contraste, ele animou o palco com o pop rock “Mesmo Que Seja Eu”, composição de Roberto e Erasmo Carlos e a dançante “Já Que Tem Que” (Itamar Assumpção). Na mesma toada, ele seguiu com uma versão em funk de “O Último Dia”, imaginação apocalíptica de Paulinho Moska, na qual deu tudo de si e requebrou no palco.
O cantor também emocionou o público ao apresentar o clássico dos Secos & Molhados “Fala”, composição de João Ricardo e Luhli, que encerra o primeiro disco da banda. O repertório continuou com “Na Rua, Na Chuva, Na Fazenda (Casinha de Sapê)”, de Hyldon, sucesso da década de 1970, emendada com dois fenômenos dos Secos, o contagiante folk com influência de música portuguesa “O Vira” e a emocionante “Sangue Latino”, em uma versão rock dançante com vocais mais rasgadas.
Marejando os olhos do público, o camaleônico deu um freio na performance e sentou-se em um banquinho para declamar “Como 2 e 2”, de Caetano Veloso, cantada em formato de balada intimista.
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A emoção marcou presença quando “Poema”, escrita por Cazuza (1958-1990) em homenagem à avó, foi declamado. A balada, originalmente lançada no álbum “Olhos de Farol” (1999), foi musicada por Ney e Frejat, a pedido de Lucinha Araújo, mãe do eterno poeta. Na sequência, Ney e sua banda apresentaram “Balada do Louco”, clássico composto por Arnaldo Baptista e Rita Lee, lançado originalmente pelos Mutantes em 1972.
Na reta final, o clima intimista foi quebrado com uma versão do samba “Roendo as Unhas”, de Paulinho da Viola. Então, o artista retornou às suas raízes ao cantar “Pro Dia Nascer Feliz”, primeiro grande sucesso do Barão Vermelho, que fará um show de retorno da formação original em março de 2026 também no Allianz Parque com participação de Matogrosso. A música foi fortemente impulsionada quando ganhou uma versão de Ney em 1983 no álbum “…Pois É”, e tirou o público do chão durante sua apresentação na noite.
Ameaçando encerrar o show por aí, o cantor deu de presente o seu bis, anunciando ao público uma música que todos conheciam e que queria que cantassem em coro junto a ele. “Homem com H”, foi o estopim para o fim dessa noite apoteótica na arena do bairro da Água Branca. Um dos maiores sucessos de sua carreira solo, a canção dá título à sua autobiografia lançada em maio de 2025 e foi esquecida em apresentações anteriores da turnê.
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Confira a setlist completa da apresentação:
1. Eu Quero É Botar Meu Bloco na Rua
2. Jardins da Babilônia
3. O Beco
4. Já sei
5. Pavão Mysteriozo
6. Tua Cantiga
7. A Maçã
8. Yolanda
9. Postal de Amor
10. Estranha Toada
11. Mesmo Que Seja Eu
12. Já Que Tem Que
13. O Último Dia
14. Fala
15. Na Rua, Na Chuva, Na Fazenda (Casinha de Sapê)
16. O Vira
17. Sangue Latino
18. Como 2 e 2
19. Poema
20. Balada do Louco
21. Roendo as Unhas
22. Pro Dia Nascer Feliz
23. Homem com H


