A França mostrou ao mundo nesta sexta-feira (26) que é possível fazer uma cerimônia de abertura de Jogos Olímpicos fora de um estádio, feito até então inédito. As 205 delegações percorreram o Rio Sena de baixo de chuva constante, em uma festividade que durou quase 4h. Confira abaixo os principais destaques.
Barco, barquinho, barcão
O Time Brasil, 29º a entrar, veio com animação, ocupando sozinho um barco inteiro. Comitês diminutos desfilavam em embarcações menores ou dividiam espaços com outras. As adequações variavam conforme a ordem alfabética de entrada dos países.
Roupa não importou
O formato retirou o protagonismo do caminhar dos porta-bandeiras. Além disso, a chuva ajudou a abafar as discussões nas redes sociais sobre o criticado look dos brasileiros, idealizado pela Riachuelo. Afinal, vários atletas lançaram mão da capa de chuva para não se molhar.
Cultura tradicional e popular
Os desfiles, porém, acabaram por ficar em segundo plano, tamanho o simbolismo agregado pela organização do evento. Em primeiro lugar, com a valorização das instituições nas proximidades do Sena: Catedral de Notre-Dame, Museu do Louvre, Assembleia Nacional e Torre Eiffel. O grand finale foi com o iluminado monumento ao fundo, já de noite.
Do lado da cultura popular, na transmissão para a televisão, teve O Corcunda de Notre Dame, Minions e um misterioso mascarado, vestido à la Assassin’s Creed. O personagem roubou a cena e terminou seu trajeto a cavalo, primeiro num tecnológico, sob as águas do Sena, e depois em um de verdade.
Diversidade e representatividade
Paris honrou um de seus títulos, “capital mundial da liberdade”, ao apresentar, por exemplo, uma Santa Ceia versão drag queen e promover reparação histórica a mulheres francesas notáveis. Dez delas, como a escritora feminista Simone de Beauvoir (1908-1996), passaram a ser imortais agora também na forma de estátua na capital francesa.
A diversidade também esteve presente nas atrações musicais. A diva do pop, Lady Gaga, abriu os trabalhos. Em seguida, o ritmo mudou para o metal da banda Gojira. Depois o pop voltou sob Aya Nakamura, a artista francófona mais ouvida no mundo hoje, que nasceu no Mali. Teve ainda ópera, rap, “A Marselhesa” e “Hymne A L’Amour”, de Édith Piaf, cantada por Céline Dion do alto da Torre Eiffel, encerrando a cerimônia de abertura.
Revezamento de lendas
A tocha olímpica “sorriu” no trajeto final ao ser acompanhada por lendas do esporte: Zinedine Zidani (futebol), Rafael Nadal (tênis), Serena Williams (tênis), Carl Lewis (atletismo) e Nadia Comăneci (ginástica).
O mistério sobre quem acenderia a pira ficou até os instantes finais. A honra coube simultaneamente à ex-velocista Marie-José Perec, tricampeã olímpica, e ao judoca Teddy Rinner, bicampeão olímpico, que tentará o tri em casa. A pira estava acoplada em um balão e saiu levemente do chão, flamejante.