Impossível escutar Alpha FM e não pensar na banda britânica Tears for Fears. A dupla surgiu em 1981 e é composta por Curt Smith e Roland Orzabal. A sonoridade do grupo é bem voltada para o pop rock, com influências também de synth-pop (gênero muito comum durante a década de 80). O sucesso do grupo é inegável, com mais de 30 milhões de cópias de discos vendidos ao redor do mundo, e hits que perpassam gerações.
Curt Smith e Roland Orzabal antes de Tears for Fears
Os fundadores do grupo, Curt Smith e Roland Orzabal, se conhecem desde muito jovens. A amizade começou ainda na adolescência, em Bath, na Inglaterra. A paixão por música sempre foi algo proeminente na vida de ambos, e logo de cara eles se embrenharam em bandas. O primeiro grupo o qual participaram foi Graduate, com influências especialmente do movimento new wave.
Contudo, esta empreitada durou pouco: praticamente um ano. Em 1981, Graduate se desfez, mas Curt e Roland ainda tinham muito vontade de fazer música. Eles participaram brevemente do grupo Neon, e foi naquele momento que conheceram o futuro baterista do Tears for Fears: Manny Elias. Muito inspirados em duplas que também estavam surgindo naquele momento, os dois músicos optaram por uma formação mais enxuta.
Agora, quando pensamos na origem do nome, a inspiração veio de um lugar muito curioso. Tears for Fears veio da Teoria do Grito Primal de Arthur Janov, que pregava a libertação dos traumas por meio de berros vigorosos. No livro “Prisoners Of Pain” (1980), o psicólogo descreve as lágrimas como “substitutas para os medos”. Curioso, já que em 1985, eles produziriam a canção “Shout”, que seria uma das marcas registradas do grupo.
Primeiros Anos
A banda começou oficialmente em 1981 com a assinatura do contrato com a Mercury Records, ao lado do gerente Dave Bates. O primeiro single, Suffer the Children, teve a produção de David Lord, que também trabalhou ao lado de Peter Gabriel, Korgis e XTC. Apesar da canção ter uma letra melancólica e os vocais inspirados no grupo Joy Division, não foi um sucesso comercial muito grande. Muito menos o segundo single, Pale Shelter, no momento do seu lançamento.
The Hurting e a ascensão ao sucesso
Contudo, a sorte da banda Tears for Fears estava prestes a mudar. Curt e Roland entraram no estúdio para produzir o seu primeiro álbum, ao lado de Chris Hughes e Ross Cullum. Com temáticas voltada para uma infância conturbada de Orzabal e o contínuo interesse dele pela Terapia Primal, o álbum The Hurting foi um grande sucesso. Aliás, o projeto chegou a número 1 no UK e atingiu o status platinum. Naquele momento, Tears for Fears começa a se tornar global com alguns singles como Mad World, Change e uma regravação de Pale Shelter.
Songs from the Big Chair: a virada de chave
Em 1984, a parceria do primeiro álbum com Chris Hughes se repetiu para os próximos singles e o que se tornaria o segundo álbum de estúdio da dupla. “Mothers Talk”, por exemplo, já apresentou bons números, mas foi o single “Shout” que realmente trouxe uma virada de chave para os integrantes. A música tornou-se até a faixa de abertura do segundo álbum de estúdio: Songs from the Big Chair.
Entretanto, apesar de alguns elementos continuaram presentes do primeiro para o segundo disco, a ideia era fazer algo mais sofisticado. Justamente isso que se tornou a marca registrada da dupla e alavancou as vendas. O disco recebeu certificado platina triplo no Reino Unido e cinco vezes nos Estados Unidos.
O tema da psicanálise continuou preponderante nas composições. O título do disco foi inspirado, inclusive, em uma série de televisão chamada Sybil. Em suma, o roteiro contava a história de uma mulher com problema de dupla personalidade, que buscava auxílio com seu psicanalista.
The Seeds of Love
Falando do terceiro álbum de estúdio, The Seeds of Love, o custo de produção foi bem maior. Vindo de um sucesso estrondoso como foi o disco anterior, a expectativa era alta. Orzabal novamente trouxe todo o seu lado criativo ao lado do tecladista Nicky Holland, que realizou a turnê “Big Chair”, em 1985.
A produção foi feita em diversos estúdios durante meses e a montagem do álbum ficou a cargo do engenheiro de som Dave Bascombe. A pressão para o lançamento do projeto era grande, especialmente para pagar os custos realizados para as diversas gravações.
Ademais, outro fato curioso sobre este disco é a participação de Phil Collins na bateria da faixa “Woman in Chains”. Em entrevista, o bateria do Genesis comentou o seguinte: “Eu recebi uma ligação porque eu conhecia o Curt Smith, e eles queriam que eu tocasse uma técnica similar a utilizada em “In The Air Tonight” para Woman in Chains. Então eu apareci por lá e disse: “Veja, eu não vou fazer isso. Vou fazer algo da minha cabeça”. Era uma grande responsabilidade.”
[PARTE 1]
Vídeo de Phil Collins explicando como e porquê se deu a participação dele tocando bateria em Woman in Chains. pic.twitter.com/2AD9yM5Dqp
— Tears for Fears 🇧🇷 (@tearsforfearsbr) August 20, 2019
Em suma, o disco foi um sucesso mundialmente, entrando nas paradas do Reino Unido e chegando a número 1 no top 10 dos Estados Unidos. Baseada no sucesso do disco, Tears for Fears realizou uma turnê mundial extensa.
Separação e retorno da amizade
Após The Seeds of Love, as rachaduras dentro da dupla começaram a surgir e a separação aconteceu em 1991. Curt e Roland não estavam conseguindo decidir os futuros da banda, já que Smith gostaria de desacelerar e ter um estilo de vida mais calmo, e Orzabal tinha exigências extremas quando o assunto era produção musical. Além disso, outro fator importante foi o empresário do grupo, Paul King, o qual entrou em falência durante os anos 1990 e até foi acusado de fraude em 2004.
Durante os anos 2000, o duo voltou a se falar quando Ronaldo ajudou na papelada de uma propriedade de Curt. A partir daí, os dois decidiram se encontrar na Inglaterra e voltar a trabalhar juntos.
Em suma, em setembro de 2004, aconteceu a turnê do álbum Everybody Loves a Happy Ending. Oleta Adams, que faz os vocais da faixa Woman in Chain, fez uma aparição no show da cidade do Kansas.
Turnê “The Tipping Point”
Entre maio e julho de 2022, o grupo realizou a turnê entre os Estados Unidos e o Reino Unido. Os shows foram para divulgar o disco “The Tipping Point”, lançado em 2022. Entretanto, eles tiveram que cancelar a turnê antes, por conta de um problema de saúde de Curt Smith, ele sofreu um acidente e quebrou quatro costelas.
Aliás, a Alpha FM já bateu um papo com Curt a respeito do álbum e as principais referências musicais do Tears for Fears. Assim sendo, confira abaixo a entrevista na íntegra:
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