Nesta sexta-feira (14), três autores brasileiros consagrados, já falecidos, completariam mais um ano de vida. Estamos falando do baiano Castro Alves (1847-1871), da mineira Carolina Maria de Jesus (1914-1977) e do paulista Abdias do Nascimento (1914-2011).
De certa forma, pode-se dizer que suas obras estão interligadas, ajudando a contar a vida e as lutas da população negra no Brasil.
Castro Alves
Castro Alves, nascido há 178 anos, ficou conhecido como “O Poeta dos Escravos”. Abolicionista, o poeta da Geração Condoreira – a terceira do Romantismo no Brasil – foi o primeiro a retratar os escravizados com humanidade.
Espumas Flutuantes (1870) e Os Escravos (1883) são dois de seus principais livros, sendo este último eleito o 17º no ranking da revista Bravo! das 100 obras obrigatórias da literatura nacional. Além disso, Castro Alves é o patrono da cadeira nº 7 da Academia Brasileira de Letras.

Carolina de Jesus
Carolina Maria de Jesus, outra aniversariante da data (faria 111 anos), não teve as mesmas facilidades de Castro Alves, que veio de uma família rica e teve ampla oportunidade de estudos. Carolina deixou a escola logo depois de aprender a ler e escrever. Mudou-se para São Paulo e, aos 33 anos, grávida e desempregada, foi viver em um barraco na antiga favela do Canindé.
Em meio ao cotidiano duro, Carolina não deixou de lado o gosto pelas letras, documentando o dia a dia em seus diários, descobertos pelo jornalista Audálio Dantas (1929-2018), da Folha da Noite. Trechos dos cadernos foram parar no jornal e, posteriormente, transformaram-se no livro de sucesso internacional Quarto de Despejo (1960). O diário foi traduzido para 13 idiomas.

Abdias do Nascimento
Da literatura ao teatro, passamos ao legado de Abdias do Nascimento, nascido no mesmo dia, mês e ano que Carolina de Jesus. Abdias foi ator, diretor, dramaturgo e o mais longevo ativista do movimento negro no país. Sua militância começou na década de 1930, como membro da Frente Negra Brasileira.
Entre suas maiores realizações está a criação do Teatro Experimental do Negro (TEN), companhia que existiu entre 1944 e 1968 no Rio de Janeiro e promoveu a inclusão de artistas negros. Uma de suas principais peças é Sortilégio, escrita em 1951 e encenada pela primeira vez em 1957, depois de ser barrada pela censura em 1953.
