McFly mostra o seu melhor para São Paulo

Banda executou performance de alto nível em primeiro de dois shows realizado na capital paulista, nesta quinta-feira (2); veja os detalhes

O McFly soma mais de 20 anos de história. Formada em 2004, em Londres, na Inglaterra, a banda despontou como um dos nomes mais fortes do pop rock inglês e conquistou uma legião de fãs. Nesta quinta-feira (2), o primeiro de dois shows na capital paulista, completamente esgotado, no Espaço Unimed, mostrou que os músicos seguem com uma base de admiradores fiel, que, sem dúvida, foi recompensada por todo apoio.

Minutos antes das 21h, as luzes apagaram e “Livin’ On a Prayer”, do Bon Jovi, e “Y.M.C.A”, do Village People, tocaram nas caixas de som. Sem qualquer cerimônia, então, Harry Judd (bateria), Tom Fletcher (vocal e guitarra), Danny Jones (vocal e guitarra) e Dougie Poynter (vocal e baixo) subiram ao palco, simples, composto por apenas um painel de luzes ao fundo. Com exceção do baterista (cujo bumbo tinha o nome do grupo em fita adesiva), trajado com uma regata preta da Adidas, os outros integrantes chegaram vestindo tons claros.

A impressão que fica é de que a performance do McFly, mesmo diante do sucesso, chega a ser subestimada, já que as gravações de estúdio não fazem jus. Ao longo de quase 2h, os integrantes executaram um espetáculo de alto nível, demonstrando não só técnica em seus instrumentos, trocados quase que a cada música para entoná-las da maneira correta e usados para inúmeros solos e riffs, como controle vocal. Sobretudo, é impressionante a limpidez dos vocais de Danny, que parece nunca ter saído do seu auge. Sua voz, literalmente, soa como música para os ouvidos.

Repertório equilibrado

Em suma, o intuito era divulgar o novo álbum “Power To Play” (2023), que homenageia o rock clássico da década de 1980. Diferentemente de muitos outros artistas, os ingleses cumpriram com a proposta e deram espaço para o material mais recente, sem abrir mão dos clássicos. Assim, a combinação resultou num setlist inteligente e equilibrado. Por isso, houve lugar para as novatas “Where Did All the Guitars Go?”, “Land of the Bees” “Route 55”, “Forever’s Not Enough” e “I’m Fine”.

Interações divertidas

Como enfileiraram inúmeras faixas seguidas (23 no total), as interações eram mais pontuais e indiretas. Tom, por exemplo, possui uma presença de palco surreal e completamente enérgica, que fala por si só. O vocalista e guitarrista pula, gesticula de maneira exagerada, levanta as pernas, é expressivo, faz gracinhas e, por causa disso, logo encontrava-se suado.

Em “Obviously”, por exemplo, até pegou a tiara prata de uma fã, com os dizeres “Birthday Girl”, e colocou na cabeça. A música ainda contou com uma dinâmica com a plateia, que, ao final, teve que segurar a melodia do refrão sem parar, rendendo risadas entre todos os presentes.

Já Danny, ao longo do set, arriscou as palavras “obrigado”, “cerveja” e “te amo” em português. “Então, São Paulo, nós somos muito sortudos por tocar para fãs como vocês. Fizemos alguns dos melhores shows da nossa vida por sua causa”, declarou-se, enquanto tomava água e ria da exaltação.

Por outro lado, Dougie, naturalmente charmoso com os fios loiros caindo na testa, apostava em piadinhas (elogiando, em tom bem humorado, os atributos físicos do colega Harry e o colocando no patamar de “presidente”) e até gritos – controlando uma série de “hell yeah”, “hallelujah” e “oh yeah”, além de pronunciar sonoros “what’s up”.

“Temos feito isso por 21 anos agora”, disse em certo instante, brincando, em seguida, sobre um barulho advindo do palco. “Esse barulho é proposital, planejei isso nos ensaios, talvez vocês não entendam. Estamos vindo para cá há 15 anos e aprendi algumas coisas em português”, finalizou, tentando pronunciar “aquário”, “peixe” e “merda”.

Harry, por sua vez, mesmo sem comandar qualquer faixa no microfone, também arrancou histeria. Ainda mais quando, para o encore, voltou sem camiseta.

Maiores destaques

Os fãs acompanhavam cada canção com coros, palmas, nomes dos membros do McFly e qualquer outro comando das estrelas da noite. Em “Not Alone” e “All About You”, acústicas, executadas apenas com Tom e Danny no palco, que genuinamente sorriram um para o outro e entregaram um dos momentos mais bonitos e irretocáveis da noite, ficou clara a conexão entre o público com os ídolos.

Os brasileiros ainda tiveram uma surpresa. Mais ou menos no meio, os membros da Fresno apareceram no local para cantar “Broken By You”, parceria com o McFly lançada em julho de 2023, pela primeira vez ao lado dos britânicos. Chegaram, inclusive, sendo chamados de “amigos”. “McFresno is fucking alive”, gritou o vocalista Lucas Silveira.

Em relação aos instrumentais, os protagonismos ficaram tanto no baixo em “Lies” (com uma sinfonia de pulos), quanto nas guitarras em “Forever’s Not Enough” e “Shine On”, com a última também se sobressaindo pela bateria. Ainda, “Walk in The Sun”, fora dos repertórios mais recentes, surpreendeu.

Por outro lado, é impossível não mencionar “Too Close for Comfort”, em que a influencer Nah Cardoso apareceu no telão, e “Star Girl”, com uma dancinha sincronizada dos artistas. Ademais, “Everybody Knows”, com a presença da fã Ana, de 29 anos, no palco, tocando o instrumento de percussão cowbell, e “Red”, em que Danny foi para a galera e, ao fim, pediu para que todo mundo abaixasse, figuraram entre os destaques.

“É bom voltar ao Brasil. Nos divertimos mais tocando para vocês do que qualquer outro lugar. Por favor, não falem para ninguém”, confessou Tom, antes da dupla final “Honey I’m Home” e “Five Colours In Her Hair”. Sem dúvida, a declaração provou-se uma completa verdade nesta noite memorável proporcionada pelo McFly.

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