Aretha Franklin, a lendária cantora de gospel e soul, finalmente terá sua vida contada em detalhes no Brasil. A aguardada biografia, intitulada “Respect: A Vida de Aretha Franklin”, escrita por David Ritz, chega às livrarias brasileiras em formato de pré-venda.
David Ritz é um renomado biógrafo musical, vencedor por quatro vezes vencedor do Gleason Music Book Award e do prêmio ASCAP Timothy White de 2013. Além disso, o escritor co-escreveu a música “Sexual Healing” com Marvin Gaye. Ritz já colaborou com artistas como Ray Charles, Marvin Gaye e B.B. King. No entanto, seu sonho sempre foi contar a história de Aretha. Dessa forma, a obra promete ser um retrato completo e sincero da cantora, desde sua infância como prodígio do gospel até o estrelato internacional, passando por lutas pessoais e reinvenções ao longo da carreira.
“Respect” não se esquiva de abordar o lado controverso de Aretha. Isso porque o biógrafo revela a personalidade forte, às vezes descrita como impaciente e controladora, e a complexa relação da artista com sua família e amigos. Contudo, apesar das polêmicas, o livro deixa claro o imenso talento e legado musical de Aretha Franklin, considerada por muitos como a maior cantora de todos os tempos.
A edição brasileira da biografia ainda não tem data de lançamento oficial, mas já está disponível para pré-venda nas principais livrarias do país.
Trecho da biografia (todos os direitos reservados)
“No meio dos anos setenta, quando comecei minha carreira de autor, havia três pessoas com as quais eu estava determinado a trabalhar: Ray Charles, Aretha Franklin e Martin Gaye. Eram os cantores que eu mais amava. Eu simplesmente precisava conhecê-los. Tinha certeza que a vida deles era tão intrigante quanto suas músicas.
Ray veio primeiro. Eu o persegui incansavelmente. Bloqueado toda vez, consegui apenas quando a Western Union me disse que eu podia mandar mensagens para ele em braile. Despejei meu coração naqueles telegramas. Ele concordou em me encontrar, nos conectamos e decolamos ― mas não antes de eu desistir do meu plano original de escrever a biografia dele na minha voz e em vez disso escrevê-la na voz de Ray. Foi o momento em que descobri a emoção e a beleza do ghostwriting. O livro que surgiu, Brother Ray, foi bem recebido e me deu a confiança de embarcar no meu próximo projeto ― colaborar com Aretha. Mas quando Ray me apresentou a ela em seu vestiário no Dorothy Chandler Pavilion em Los Angeles, ela disse que não estava interessada ― pelo menos não na época.
(…)
― Sr. Ritz ― disse ela. ― Aqui é Aretha Franklin.
Gago desde sempre, eu não conseguia falar. Por um segundo, entrei em pânico. E se minha insistência de duas décadas resultara em minha inabilidade de pronunciar uma única sentença? O choque pela ligação dela me tornara mudo? E se, bem naquela hora, eu estregasse tudo?
A perseverança venceu o medo e, com dificuldade considerável, consegui dizer como eu estava feliz por ela ter ligado. ― Estou entrevistando colaboradores para a minha autobiografia ― disse ela ― e gostaria de falar com você. ― Obrigado… srta. Franklin”.
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