Kotchi Bar: o listening bar japonês que une alta coquetelaria, jazz em vinil e entradas autorais nos Jardins

Comandado pelo chef Makoto Okuwa e pela mixologista Inés de Los Santos, bar aposta na fusão entre experiência sonora, drinks criativos e gastronomia nipônica moderna

Entre tantos endereços que surgem e desaparecem no ritmo acelerado da vida paulistana, alguns lugares vêm para marcar época. Esse é o caso do Kotchi Bar, recém-inaugurado nos Jardins, que chega com uma proposta ousada: unir o refinamento da gastronomia japonesa moderna, a criatividade da coquetelaria latino-americana e uma curadoria musical em vinil com padrão de estúdio.

Mais que um bar, o Kotchi é um conceito. Um convite para quem busca desacelerar com estilo — não apenas sair à noite, mas viver uma experiência sensorial completa. A começar pelo nome: Kotchi, em japonês informal, quer dizer “por aqui”, “venha cá”. Um chamado sutil, porém firme, que resume bem o espírito do local. A ideia é que você queira voltar. E volte.

Aberto no fim de 2024, o bar traz nas rédeas criativas dois nomes de renome internacional: Makoto Okuwa, chef japonês radicado nos EUA e referência na cozinha que equilibra técnica clássica e inovação; e Inés de Los Santos, uma das mixologistas mais influentes da América Latina, mente por trás do Conchinchina Bar, em Buenos Aires — eleito um dos 50 melhores bares do mundo pelo “50 Best Bars”.

O projeto nasceu com DNA cosmopolita desde os primeiros rabiscos. A localização nos Jardins era inegociável. O bairro, com sua história ligada à noite paulistana, foi escolhido por representar sofisticação sem rigidez, elegância sem pose. E é exatamente essa a vibração do Kotchi.

Uma estética que conversa com o som

Assinado por Victor Penha (Belezas Imperfeitas), o projeto arquitetônico traduz a proposta do bar em concreto e luz. As paredes são cruas, as texturas industriais, os cartazes e lambe-lambes fazem referência à cena urbana. Mas tudo é suavizado por velas nas mesas, iluminação quente e um certo mistério que paira no ar. A atmosfera é intimista, quase cinematográfica.

No centro de tudo, um paredão de vinis organiza a alma musical da casa. O som é protagonista: ali, os DJs não apenas tocam — eles contam histórias sonoras. A curadoria é rigorosa e nada óbvia. O foco? Jazz japonês, com suas melodias refinadas, envolventes, ora contemplativas, ora vibrantes. Mas também há espaço para descobertas: house egípcio, ritmos árabes, afrobeat, experimental. O som é sempre analógico, com áudio de altíssima fidelidade, pensado para quem realmente gosta de ouvir.

O responsável por esse universo musical é Marcos Campos, conhecido por projetos emblemáticos como Bar Número, Disco, Sirena (Maresias) e Café de La Musique (Florianópolis). Seu toque dá ao Kotchi uma sofisticação urbana, global, mas com alma paulistana.

Gastronomia para compartilhar

Aqui, não se fala em pratos principais. A proposta é clara: pedir várias entradinhas e dividir. A cozinha de Makoto é precisa, delicada e criativa.

Começamos com o Bluefin Crispy Rice, um dos hits da casa: cubos crocantes de arroz cobertos por atum akami, aioli picante e nori coreano, com um toque de chili oil que aquece sem roubar a cena. O Shrimp Dumpling vem em uma apresentação minimalista, mas revela um molho Sichuan picante e aromático, equilibrado pelo frescor do gengibre e do broto de coentro.

O Karemaki, harumaki de curry com carne e legumes, é macio por dentro, crocante por fora, acompanhado de um sour cream picante que traz acidez e cremosidade. Já o Trio Fish Crudo — com fatias de bluefin, yellowtail japonês e salmão — impressiona pela sutileza dos cortes e pela complexidade dos acompanhamentos, como shiso, palmito pupunha, pepino, salsão e um molho cítrico de yuzukosho com shoya.

Cada prato tem identidade, equilíbrio e acabamento técnico, sem perder a informalidade de um bar. São entradas feitas para conversar com os drinks — e que drinks.

Coquetelaria autoral e interativa

Sob o comando de Inés de Los Santos, a carta do Kotchi é uma viagem sensorial. Os ingredientes não são apenas exóticos — eles fazem sentido, criam camadas, surpreendem.

O Sando America, por exemplo, mistura vodka com licor de yuzu, suco de melancia, hibisco e espuma de limão taiti. Floral, leve, com final cítrico e refrescante. Já o Melão, Alga e Folhas traz vodka, umeshu, chá oolong e jasmim, resultando num drink com corpo herbáceo e elegante.

O Tarsila presta homenagem à brasilidade, com gin Hoku, cambuci e bitter de laranja. Já o Jabuti mistura tequila Don Julio Blanco, Cointreau e cordial de jabuticaba, finalizado com sal de yuzu apimentado — potente, marcante.

Mas o destaque absoluto é o Hay Frevinho: uma mistura de saquê com jabuticaba e vermute de algas, servida com uma guarnição interativa. Você recebe três acompanhamentos — picles de tomate, casca de laranja e azeitona — que, ao serem provados entre os goles, mudam completamente a percepção do sabor. Uma experiência sensorial completa, que envolve gosto, aroma e memória.

Serviço 

Endereço: R. Padre João Manuel, 1231 – Jardins, São Paulo – SP
Horário de funcionamento:
Segunda: 18h – 23h
Terça e quarta: 18h – 00h
Quinta: 18h – 01h
Sexta e sábado: 18h – 02h
Domingo: fechado
Instagram: @kotchibar
Reservas via DM pelo Instagram

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