Alice Cooper entrega verdadeiro espetáculo no Best of Blues and Rock 2025

Cantor apresentou clássicos da carreira em performance teatral e afiada, realizada no festival neste sábado (14)

Estar na presença de Alice Cooper, por si só, já é impactante. Antes de cantar no Best of Blues and Rock, no Parque Ibirapuera, em São Paulo, neste sábado (14), o artista concedeu uma entrevista coletiva para a imprensa, na qual, apesar de “descaracterizado”, já manifestava toda sua grandiosidade. Porém, vê-lo em cima do palco pareceu ainda mais arrebatador.

É óbvio por que Cooper é um dos maiores ícones da história do rock. Mas, mesmo depois de tantas décadas de carreira, é impossível não se surpreender com o que o cantor de 77 anos continua mostrando.

Ele entregou um verdadeiro espetáculo, no melhor sentido da palavra. Com cerca de 1h30 de duração, a performance contou com clássicos, encenações, troca de figurinos e uma mega produção. Composta por Nita Strauss (guitarra), Ryan Roxie (guitarra), Tommy Henriksen (guitarra), Chuck Garric (baixo) e Glen Sobel (bateria), a banda afiada e entrosada conseguiu elevar o repertório de peso para um patamar ainda mais alto, indo além dos instrumentos, fornecendo vocais de apoio e interagindo diretamente com a estrela da noite.

Cinco minutos antes do previsto, às 20h25, o barulho de sinos que davam início à apresentação inundou o local. “Assistentes” mascarados apareceram e puxaram a cortina preta que cobria o espaço, revelando a estrutura trazida para o show. Escadas e corrimões estavam distribuídos no palco, que contava com um grande telão ao fundo, simulando vitrais, além de uma outra cortina imitando um jornal com os dizeres: “Alice Cooper Banned in Brazil”.

A sombra da estrela ficou projetada, enquanto o próprio iniciava “Lock Me Up”. Logo, ele mesmo rasgou o pano com uma espada e causou histeria ao aparecer para o público pela primeira vez. Com a típica cartola, maquiagem preta nos olhos e calças de couro, o artista parecia quase uma figura divina para os fãs que gritavam seu nome.

A todo tempo, a plateia era estimulada visualmente. Primeiro, devido ao fato de que a estrela mudava constantemente a roupa, indo desde uma jaqueta com a bandeira dos Estados Unidos até um sobretudo com estampa de cobra e um casaco brilhante em prata. Além disso, para cada música, havia um aspecto teatral, um adereço diferente ou um personagem em cena, somados à expressividade de Cooper e à música cantada e executada com maestria.

Em “Welcome to the Show”, por exemplo, o cantor pegou um cetro, que virou quase uma extensão de seu corpo. Pouco mais tarde, em “I’m Eighteen”, utilizou uma muleta, enquanto que, em “Billion Dollar Babies”, cantou com uma espada.

Infelizmente, durante “Snakebite”, Cooper não performou com a característica cobra enrolada no pescoço- embora a tenha prometido para o compromisso em território nacional. Em compensação, outros de seus “truques” figuraram nas faixas posteriores.

Em “He’s Back (The Man Behind the Mask)”, uma fã “invadiu” o palco com uma câmera polaroid. Então, em “Hey Stoopid”, foi a vez de um “fotógrafo intruso” despertar a fúria do cantor, sendo “perfurado” em meio à faixa. Tudo, claro, fingimento, o que deu certa dramaticidade para o show.

Para a ambientação de “Welcome to My Nightmare”, os telões ficaram preenchidos por uma chuva. Na canção seguinte, “Cold Ethyl”, a atmosfera diferenciou-se por uma boneca de pano, com a qual Cooper dançava, jogava e arrastava pelo palco.

Seguindo, “Go to Hell” ficou marcada pelos chocalhos, empunhados por Cooper, e pela presença de uma dançarina com um chicote. Contudo, nada chegou perto da comoção gerada em seguida com o hit “Poison”.

Na faixa, o cantor realizou o primeiro diálogo com os fãs: “Levantem as mãos se vocês são venenosos”, pediu, apontando para admiradores na grade e dizendo também que “todos vocês são venenosos”. E, de fato, uma multidão cantava cada pedaço da letra de maneira alastrante, evocando um sentimento semelhante ao do entoado na letra.

Assim, depois de uma intro exibida com o ator Vincent Price e um solo de guitarra hipnotizante de Nita, apenas a banda juntou-se numa “jam” de “Black Widow Jam”, até que Cooper voltasse em uma camisa de força. Ele fingiu enlouquecer e tomar choques ao cantar “Ballad of Dwight Fry”, antes que sua esposa Sheryl Cooper, encarnando uma espécie de Maria Antonieta, chegasse para beijá-lo e colocá-lo na famosa guilhotina.

Sem dúvida, a ocasião é uma das mais esperadas da noite. E não é para menos: todo o ritual até que a cabeça de Cooper seja “cortada”, enquanto a palavra “morra” ecoa nas caixas de som, é construído para captar a atenção dos fãs, independente de já saberem de cor o momento.

Renascendo das cinzas, propositalmente com uma cartola branca e um fraque na mesma cor, o artista retornou e cantou uma de suas assinaturas: “School’s Out”. Resgatando a alegria da juventude, os telões foram tomados por imagens que remetiam ao ambiente escolar, ao mesmo tempo em que grandes bolas coloridas acabaram jogadas na plateia – que se divertiu estourando os balões, repetindo a atitude do cantor.

Cooper aproveitou a deixa para introduzir cada um de seus músicos, apelidados de “criaturas deslumbrantes”, e, merecidamente, rasgando elogios. Chamou, por exemplo, Nita de “majestade”, Glen de “melhor baterista do rock” e Tommy de “vampiro de Hollywood”. Também enalteceu a própria esposa, a descrevendo como “perigosa, mortal, deliciosa, minha única e verdadeira”. Por fim, quando foi se apresentar, interpretou modéstia ao ser ovacionado.

Finalizando com chave de ouro, veio “Feed My Frankenstein”. Com direito a um boneco gigante no estilo Frankenstein no palco e bolhas de sabão, a canção encerrou o setlist de um jeito emocionante, com Cooper dizendo que ama o Brasil e prometendo voltar logo. Diante do que foi mostrado neste sábado, com toda certeza, os fãs já estão aguardando ansiosamente o retorno.

Setlist

  1. Lock Me Up
  2. Welcome to the Show
  3. No More Mr. Nice Guy
  4. I’m Eighteen
  5. Under My Wheels
  6. Bed of Nails
  7. Billion Dollar Babies
  8. Snakebite
  9. Be My Lover
  10. Lost in America
  11. He’s Back (The Man Behind the Mask)
  12. Hey Stoopid
  13. Solo de bateria (Glen Sobel)
  14. Welcome to My Nightmare
  15. Cold Ethyl
  16. Go to Hell
  17. Poison
  18. Solo de guitarra (Nita Strauss)
  19. Black Widow Jam (só a banda)
  20. Ballad of Dwight Fry
  21. Killer (só a banda)
  22. I Love the Dead
  23. School’s Out
  24. Feed My Frankenstein

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