Uma das maiores bandas de rock da história, o Deep Purple está de volta ao Brasil. Divulgando o mais recente álbum “=1”, a banda realizou um show em São Paulo, no Espaço Unimed, nesta sexta-feira (13). Depois, no domingo (15), ainda tocará no Rock in Rio – e, sem dúvida, vale a pena prestigiá-los no festival, mesmo que de casa.
Início
Antes do início da performance, músicas como “Baker Street”, na versão do Foo Fighters, “My Fault”, do The Faces, e “Learning to Fly”, do Pink Floyd, tocaram nas caixas de som. Cerca de 20h50, imagens começaram a aparecer no telão. Com um fundo cósmico, a tela mostrava o logo da banda e fórmulas matemáticas, em referência ao mais recente disco. Até mesmo fotos transparentes dos músicos, quase como se fossem seres místicos espaciais, passavam rapidamente na tela.
Então, às 22h10, as luzes apagaram e a orquestral “Mars, the Bringer of War”, de Gustav Holst, preparou o terreno, junto de uma animação toda em tons de roxo, para que Ian Gillan (voz), Roger Glover (baixo), Ian Paice (bateria), Simon McBride (guitarra) e Don Airey (teclado) entrassem. Sob luzes azuis, o grupo optou por iniciar o espetáculo com chave de ouro: abrindo com o hit “Highway Star”.
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Pouco depois, chegou “Hard Lovin’ Man” e seus teclados marcantes, que ditaram o resto do set. Sobretudo, não é segredo que os shows do Deep Purple contam com longos períodos instrumentais e momentos de destaque para cada um dos instrumentos.
Quando vieram à capital paulista pela última vez, em março de 2023, no Monsters of Rock, o cenário era diferente. À época, a banda tocou às 16h30, embaixo de um céu claro, depois do Helloween, para um estádio, num festival que ainda receberia Scorpions e Kiss. Numa casa de shows mais compacta, para somente o seu público, a fórmula parece ter funcionado muito melhor.
Interações com a plateia
Após “Into the Fire”, Gillan, com uma típica camiseta clara, fez sua primeira interação com a plateia. Arriscou um “obrigado” em português e destacou seu amor pelos presentes. Diante de reações calorosas, soltou um “fantástico”, mandou beijos e deu muitas risadas. O comportamento repetiu-se por várias vezes ao longo da noite, somado aos elogios à energia, à surrealidade e ao apoio ao material novo – o que nas palavras da estrela, “significa muito”.
Destaques
Aproveitando a deixa, o cantor introduziu o guitarrista Simon como o “primeiro e único” para seu solo. Aos 45 anos de idade, mais novo do que os colegas na casa dos 70, o músico substitui Steve Morse desde 2022 e vem cumprindo bem seu papel. A reação empolgada do público enquanto passou 4 minutos sozinho no palco solando não mente. Ambos os companheiros ainda se cumprimentaram após o momento, num gesto de respeito.
Dedicada para o saudoso tecladista Jon Lord, “Uncommon Man” atuou entre os destaques da noite, assim como a novata “Lazy Sod”, acompanhada de seu clipe nos telões. Ao começá-la, Gillan brincou que a letra era sobre sua “casa ter pegado fogo” e ainda acrescentou: “bebi demais, se a casa pegou fogo, não foi minha culpa”.
Em seguida, chegou a vez de Don brilhar. Como sempre, o tecladista tornou o seu primeiro solo ainda mais interessante ao beber uma taça de vinho enquanto tocava. Apesar de esperada, a atitude arrancou sorrisos.
Assim, veio “Lazy”, com Gillan tocando gaita, e a melódica “When a Blind Man Cries”, que, segundo o próprio, é dedicada aos mais desafortunados. A performance trouxe um dos melhores desempenhos vocais do cantor de 79 anos, que sustentou as notas com maestria, sendo aplaudido pelos próprios colegas de banda. E um fato: sequer pensa em aposentadoria.
Mesmo com as mãos trêmulas e, por vezes, busca de fôlego ou dificuldade nos agudos, é impressionante o que ele ainda consegue fazer. Tanto é que, ao ser ovacionado fervorosamente, mandou um “shut up” de maneira bem-humorada.
Também marcaram presença “Portable Door”, com todos acompanhando com palmas, e “Anya”, introduzida como uma faixa sobre “uma linda mulher” (ou simplesmente sobre liberdade). A música em questão ficou marcada por divertidas interações entre Simon e Roger, que riam um para o outro.
Homenagem para o Brasil
Um dos momentos mais inesquecíveis da noite veio logo a seguir. Em um novo solo de teclado, um tanto quanto mais psicodélico, Don, como de praxe, decidiu homenagear a música brasileira. Assim, incluiu até mesmo o que parecia ser “Aquarela do Brasil” e o Hino Nacional no medley.
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O fim
Outro destaque vocal de Ian veio com “Space Truckin'”, no qual anunciou a faixa alongando a primeira palavra até não aguentar mais. A canção trouxe muita animação, com os integrantes pulando, enquanto o público berrava os “come on” dos refrães.
Aliás, a iluminação diferenciou-se do resto. Primeiro, acabou apagada e, então, luzes de arco-íris surgiram, causando certo impacto. Por sua vez, a bateria ganhou o seu maior holofote neste instante. Vale destacar que Paice, utilizando seus óculos e a postura simpática como de costume, é o único integrante original da banda.
E é claro que “Smoke on the Water” não poderia faltar no repertório. Lançada em 1972, a canção tem um dos riffs mais icônicos da história. Logo na primeira nota, boa parte dos presentes levantou os celulares para não deixar de filmar nenhum segundo. Tudo ficou ainda mais legal quando, aproximando-se do final, Gillan deixou os fãs cantarem o sucesso a capella. Sob os telões dominados por imagens do fogo, a atmosfera era magnética.
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Depois, os músicos despediram-se temporariamente. O vocalista soltou um “take it easy” (em tradução livre, “vão com calma”), antes que “sumissem” por poucos minutos. Voltando com copos de plástico vermelho, emendaram então “Hush”, originalmente de Joe South e outra faixa divertida, com silhuetas femininas no telão. Por fim, a noite memorável encerrou-se com “Black Night”.
Setlist completo
Sobretudo, o setlist do Deep Purple não apresentou nenhuma diferença em relação aos mais recentes. De qualquer forma, clássicos como “Perfect Strangers”, “Pictures of Home” e “No Need to Shout” notavelmente continuaram de fora.
- Highway Star
- A Bit on the Side
- Hard Lovin’ Man
- Into the Fire
- Solo de guitarra
- Uncommon Man
- Lazy Sod
- Solo de teclado
- Lazy
- When a Blind Man Cries
- Portable Door
- Anya
- Solo de teclado
- Bleeding Obvious
- Space Truckin’
- Smoke on the Water
- Green Onions
- Hush
- Black Night